Seguir os sapos: uma festa animal | Wallace Fauth

A experiência de residir em uma disciplina artística transformadora, em meio aos fluxos da passagem de tudo, relatada por um aluno que se vestiu de jornalista a fim de seguir um curso ininterrupto de devires.

Por Wallace Fauth [1]

Seguir os sapos: uma festa animal

“Quando se entra em uma classe de filosofia, tem-se que estreitar relações com um universo inteiramente distinto daquele que se deixou lá atrás, na rua” – disse o rapaz, pouco antes de 1906, na introdução de sua tese. William James contou essa história na primeira de suas oito conferências que se transformaram no livro “Pragmatismo”, para mostrar o quanto a experiência cotidiana distanciava-se daquele mundo acadêmico: “uma espécie de templo marmóreo brilhando no alto de uma colina” (James, 1979).

O que acontece hoje na disciplina JC-012, Arte, Ciência e Tecnologia, conduzida pela professora Dra. Susana Dias e pelo professor Dr. Paulo Teles é um movimento bem diferente do que James via desenrolar-se em seu tempo, na queixa daquele estudante universitário. Narrar isso é o meu objetivo com esta notícia-experiência artística.

A ideia de que as aulas fariam parte também de uma residência artística já começou a me afetar antes mesmo de iniciarem. Eu já não queria ser apenas um aluno como aquele de 1906 a “cursar uma disciplina”, mas um artista que também “morasse” ali por algum tempo. Uma residência artística é mesmo isto: enquanto as águas passam, os artistas ali residem em meio aos fluxos da passagem de tudo, existindo enquanto são afetados por esse “curso” ininterrupto de devires. Nunca havia pensado em uma disciplina como lugar de habitação: um artista a habitar um fluxo. Aproveitei que estava em um laboratório de jornalismo, o Labjor, vesti-me como jornalista investigativo e fui viver essa experiência junto aos residentes. Minha produção? Uma notícia, talvez, ou seja lá que nome poderemos sugerir para esta escrita que acompanha os acontecimentos. Silvana Sarti, uma das artistas residentes, diria que esse habitar é “um mergulho na alma de todas as coisas” (Sarti, 2020). Enfim, residir é ficar por um tempo. Engravidar-se de tudo e depois.

(Leia a coluna assinada completa em pdf)

 

[1] Mestrando em Divulgação Científica e Cultural no Labjor-IEL-Unicamp. Email: fauthwallace@gmail.com