Entrevista com José A. Marengo – “Estamos avançando e novamente ganhando terreno na agenda ambiental”| Emanuely Miranda

Em entrevista à Climacom, José A. Marengo comemora participação do Brasil na agenda ambiental.

Por | Emanuely Miranda

Editora | Susana Dias

Após tempos de negacionismos, o Brasil retorna à agenda ambiental com participação relevante e ativa. Essa é a conclusão de José A. Marengo, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Mudanças Climáticas Globais – 2ª Fase. Quatro anos após sua última entrevista à Climacom, o pesquisador percebe um outro cenário no qual nosso país está inserido. Mais uma vez, a Climacom entra em diálogo com o pesquisador. Dessa vez, ele aborda temas como a irreversibilidade das mudanças climáticas, planos de adaptação, relação dos povos originários com a climatologia e resultados do INCT ao longo dos anos. Confira:

Climacom: Na última entrevista que deu à revista Climacom, em 2019, você alertou para o fato de que, perante as mudanças climáticas, a reversão está cada vez mais difícil. Em um contexto no qual batemos temperaturas recordes com o passar do tempo, resta perspectiva, ainda que mínima, de reverter? O que podemos considerar, de fato, uma reversão ao tratarmos o clima e o quanto estamos longe ou perto disso?

José A. Marengo: A mudança de clima não pode ser revertida. Nós temos uma tendência de aquecimento. Não temos como reverter isso para ”esfriamento”. Só se acontecer alguma catástrofe natural. Como por exemplo, se todos os vulcões entrassem em erupção nesse momento, a fumaça bloquearia a energia solar e aí sim nós estaríamos entrando em um regime mais frio. A ideia do Acordo de Paris era a redução das emissões de gases de efeito estufa para reduzir a tendência de aquecimento. Ou seja, o aquecimento continuaria, porque o aquecimento é um processo natural e também um processo antropogênico. Ou seja, as atividades humanas estão amplificando o processo natural. Nós podemos talvez, digo talvez, reduzir a intensidade do aquecimento. O aquecimento vai continuar, mas a ideia é que não ultrapasse não ultrapasse um certo valor de 1,5 ou 2 graus até meados desse século para poder fazer a adaptação mais possível e que as pessoas e os ecossistemas sejam mais resilientes ao aumento de temperatura. É possível reduzir a tendência de aquecimento, ou seja, reduzir a intensidade da mudança climática, mas reduzir é impossível.

(Leia a entrevista completa em PDF).