Viagem de campo | Coletivo multiTÃO | Natália Aranha e Susana Dias (Coord.)
Título | Viagem de campo
Aprendemos com os herpetólogos que trabalhar junto com sapos, é enxergar pelos ouvidos, especialmente quando nos encontramos em uma mata, no escuro da noite, apenas com uma luz baixa, suave e ou de cor vermelha para não interferir em seus comportamentos. Para encontrá-los, além dos olhos treinados, precisamos estar atentos aos seus sons, que dentro de uma diversidade de cantos, tornam-se nossos guias, que auxiliam a chegar até eles e identificá-los. Esta série de polaroides foi produzida durante um trabalho de campo com Luís Felipe Toledo, João Pedro Bovolon e Natália Aranha, pesquisadores do Laboratório de História Natural de Anfíbios Brasileiros da Unicamp.
Mostra | Seguir os Sapos
O Brasil é um hotspot de biodiversidade para anfíbios. Só na Mata Atlântica são conhecidas mais de 700 espécies de anfíbios anuros, sendo que 90% destes são endêmicos deste bioma. Os anuros são animais ectotérmicos, ou seja, necessitam de fontes externas para conseguir manter sua temperatura, são sensíveis aos efeitos causados pela mudança na temperatura ambiental e precipitação, interferindo na fisiologia e nas interações com outros seres vivos. Devido a hipersensibilidade dos anuros à poluição química, de rios e águas superficiais, doenças, fragmentação de áreas, mudanças climáticas, radiação ultravioleta, além de outros fatores, atualmente estão entre o grupo de vertebrados terrestres com maior risco de extinção. Para encontrá-los, além de olhos treinados, os herpetólogos nos ensinam que é preciso estar atento aos seus cantos. Os sapos emergem, no encontro com as ciências biológicas, como cantores que desafiam o sistema perceptivo, pois é preciso inventar um corpo que se lança na mata no escuro da noite e que se torna capaz de enxergar com os ouvidos. Conhecer as práticas dos herpetólogos, e experimentar criações artísticas com eles, pode ser um modo de ganhar intimidade com os sapos, uma maneira de aprender a seguir seus modos de existir entre meios. Esta Mostra é resultado dessa aposta, experimentada na Residência Artística ClimaCom “Seguir os sapos” e na disciplina “Arte, ciência e tecnologia” do Programa de Pós-Graduação em Divulgação Científica e Cultural do Labjor-IEL-Unicamp (2023), ambas realizadas em parceria com o Laboratório de História Natural de Anfíbios Brasileiros (LaHNAB), do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Uma parceria que buscou ativar conexões vivas entre artes, ciências que levem a sério o que pode ser a criação de uma relação de amizade, companheirismo, vizinhança e parentesco com os sapos que sejam capazes de gerar novos modo de perceber, pensar, sentir, imaginar e agir mais conectados com a Terra.
| FICHA TÉCNICA |
Polaroides |Karina Miki Narita, Rosana Torralba, Susana Oliveira Dias.
Cadernos de campo | João Pedro Bovolon e Natália Aranha.
Concepção | Natália Aranha e Susana Dias.
Mostra | “Seguir os sapos”, Labjor-Unicamp, sob coordenação de Natália Aranha e Susana Dias.
maio de 2023
COLETIVO multiTÃO, ARANHA, Natália, DIAS, Susana .Viagem de Campo. ClimaCom – Ciência. Vida. Educação. [online], Campinas, ano 10, n. 24. Dez. 2023. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/viagem-de-campo/
SEÇÃO ARTE | CIÊNCIA.VIDA.EDUCAÇÃO. | Ano 10, n. 24, 2023
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