Precisamos falar sobre afetos e sobre a dissociação que nos condena a insistir em nossos erros | Patricia Cecilia Burrowes | ClimaCom


Precisamos falar sobre afetos e sobre a dissociação que nos condena a insistir em nossos erros | Patricia Cecilia Burrowes


Patricia Cecilia Burrowes[1]

 

A armadilha em que nos lançamos

Que o modo de vida dominante sobre a Terra, baseado na exploração crescente da natureza como recurso e das pessoas como mão de obra e consumidoras vorazes, parece levar-nos inexoravelmente a um abismo tem sido o alerta reiterado por pensadores tão diversos como Kopenawa e Haraway; Rolnik, Guattari e Han e Stengers; Viveiros de Castro, Krenak e Shiva, para mencionar apenas alguns. Inclusive um organismo internacional como a ONU vem, desde 2015, defendendo uma agenda de desenvolvimento sustentável e aponta a década de 2020-2030 como crucial se desejamos atingir os objetivos do milênio propostos. No entanto em todos os níveis observamos um paradoxo: mesmo países, instituições e pessoas comprometidos com a mudança necessária se veem emaranhados numa rotina de usos e costumes contrários às ideias que defendem. Consumismo, dependência de combustíveis fósseis, alimentação pouco saudável e desequilibrada, uso descuidado de água, uso de agrotóxicos, ambientes tóxicos de trabalho, competição extremada, violência, desigualdade, adoecimento físico e mental… Por que não escapamos de nossas próprias armadilhas?

(Leia o ensaio completo em PDF)

 

Recebido em: 15/10/2023

Aceito em: 15/11/2023

 

[1] Prof. associada da Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ); prof. colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (EICOS/IP/UFRJ). E-mail: patricia.burrowes@eco.ufrj.br

Precisamos falar sobre afetos e sobre a dissociação que nos condena a insistir em nossos erros

 

RESUMO: O modo de vida da sociedade de consumo, dominante na face da terra, leva-nos a passos largos para o desastre. A despeito dos alertas da ciência, da filosofia e dos saberes tradicionais, caímos coletivamente em nossas próprias armadilhas. Neste ensaio, delineamos por um lado, o modo como a publicidade expandida efetua essa captura, e propomos, por outro lado, com base na noção de afetos criada por Deleuze e Guattari a partir de Spinoza, uma possível linha de fuga.

PALAVRAS-CHAVE: Afeto. Consumo. Corpo-mente. Publicidade expandida. Spinoza.

 


 

We need to talk about affects and the dissociation that condemns us to insist in our errors

ABSTRACT:  The way of life of the consumer society, dominant on the face of the earth, leads us quickly towards disaster. Despite the warnings of science, philosophy and traditional knowledge, we collectively fall into our own traps. In this essay, we outline, on the one hand, the way in which expanded advertising effects this capture, and, on the other hand, we propose, based on the notion of affects created by Deleuze and Guattari based on Spinoza, a possible line of escape.

KEYWORDS: Affect. Consumption. Body-mind. Expanded advertising.

 


BURROWES, Patricia Cecilia. Precisamos falar sobre afetos e sobre a dissociação que nos condena a insistir em nossos erros. ClimaCom – Desastres [online], Campinas, ano 10, nº. 25. nov. 2023. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/precisamos-falar/