Ka’atinga

Título: Ka’atinga


Resumo: Remetente]. “Ka’a” traduz mato em tupi. E “tinga”, branco. Ka’atinga. A etimologia desvela a raiz do bioma. Algo ali transgride o branco da mata. Porém, o imaginário coletivo deixou escapar o verde das árvores e o florir dos arbustos. Povoou as cabeças com imagens do solo rachado e do galho entortado. Não reparou a marcha da algaroba a espalhar sementes no inverno – para reter água no verão. A seca enruga a folha, mas lhe preserva a raiz. A natureza é indissociável ao ser, a quem a planta pode servir de metáfora – tal como as cartas. Cartas são predestinadas ao voo. Tudo que sobe, revolve a terra na colheita. (De)certo. A carta flora palavra. A semente flora algaroba. No meio, a dúvida. Que nasce do encontro da ka’atinga com a carta? (Des)terra.

Cinco imagens propõem uma nova marcha, não apenas da algaroba – cujas sementes curvas estão em um dos quadros –, mas da caatinga. Uma jornada em busca da estética da vegetação, que ora é branca ora é verde ora cabe em espectro-nenhum-de-cor. A técnica do scanner art inspira “Ka’atinga”, que bebe também na beleza dos livros de botânica para tirar do papel cartas floradas. De caatinga são 11% do território brasileiro, em mais de 900 espécies de plantas. Registros dessa natureza soam genérico-limitados. Contudo, o afeto transborda de significado o ensaio. Deste lado, eu escrevo a carta para algum fulano desconhecido fl(o)rar a ka’atinga f(l)ora de mim. [Destinatário]

País de produção: Brasil. Ano: 2016.

 

 


Autor:

Vinícius de Brito. Pesquisador, jornalista e fotógrafo. Mestrando em Divulgação Científica e Cultural na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); turma de 2017. Formado pela faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é vencedor de prêmios em telejornalismo e jornalismo literário. Nascido no Recife e criado no Sertão de Pernambuco, escreveu para o Diario de Pernambuco (com publicações no Correio Braziliense e Estado de Minas), Assiste Brasil e Confira Mais.

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