Laboratório de futuros

Título: Laboratório de futuros


Resumo: Uma certa fadiga imobiliza as imagens ao mesmo tempo em que as ensurdece. Perguntamo-nos, então, como tocar o futuro, como tornar seu murmúrio tangível. Entendemos as imagens como complexos energéticos vibratórios e apostamos em  acolhê-las em caixas-laboratórios abertos e desmontáveis que possam catalizar novos encontros e retornar-lhes uma certa vitalidade, uma certa alegria ressonante que pede o transe para dançar de novo, para entre sonoridades e visualidades poder cantar futuros mais uma vez. Convidamos músicos para dizerem de seus processos criativos e fazerem de recipientes de laboratório instrumentos sonoros, preparando e extraindo sons nunca ouvidos, músicas que se precipitam do encontro entre bocas e tubos de ensaio, desprendem-se entre mãos e balões volumétricos, medem-se entre viola e béquer… O encontro afirma que não há uma solução musical homogênea e consensual a ser buscada, não se trata de repetir a ladainha das mudanças climáticas e seus efeitos sobre a humanidade, nem de criar uma espécie de música das ciências climáticas que embale nossos medos, ou muito menos fazer dela o ritmo que cadencia nossas marchas e mobilizações pelo clima, mas antes de perceber que não existe uma partitura pronta e pré-determinada para tocar ciências, climas, humanos e futuros. Convocamos a potência germinadora da música para produzir com as ciências uma alquimia que faz mergulhar as imagens em relações prismáticas e de manipulação. Aqui, entendemos por manipulação a arte do dispor-se que os químicos do século XVIII praticavam, na qual se faz possível tirar proveito, deixar-se afetar pela propensão das coisas-seres para dobrar e compor com o que elas têm a dar, com o que seus corpos podem. Imagens compondo um método e protocolo de experimentação dissonante, em que justamente não sabemos o que elas podem e por isso elas conseguem vibrar e estar vivas, chamando e tocando futuros: problemas, materiais, métodos e resultados se dispõem como modos de testar as potencialidades de encontros imprevisíveis. Não saber, mas intuir que é só na criação de escutas que outros futuros podem emergir.  Há uma propensão das imagens à vida que nos obriga a ensaiar a divulgação como montagem audiovisual onde transes fazem das imagens emaranhados e atmosferas afetivas que, entre correntezas de sonoridades improváveis, transmutam a fadiga em esgotamento efetivo, eximindo-as da extinção. Um laboratório de vida livre cujo problema é abrir e intensificar possibilidades de vibração na e com as imagens, de fazer da divulgação uma caixa aberta, abandonada, por onde as imagens passam ressoando nas suas paredes-membranas móveis e seguem, e proliferam vida fora, intensificadas pelo timbre da ciência, da música, da alquimia que entre elas murmura. Resta-nos acolher o fervilhar de toda uma invenção ainda não existente que se faz entre as maneiras de tocar ciências-instrumentos-climas-futuros-imagens e os modos como a composição audiovisual cria escutas para tais sonoridades, fazendo borbulhar um universo de relações (respiros) em formação, que não se sabe em quê vai dar.    

Projetos: Mudanças climáticas em experimentos interativos: comunicação e cultura científica (CNPq No. 458257/2013-3); Sub-projeto “Sub-rede Divulgação científica” da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (convênio FINEP/ Rede CLIMA 01.13.0353-00).

 

Ficha técnica

Direção e roteiro

Susana Dias

Entrevistados

Adriel Job (Percussionista, sonoplasta e arranjador)

Fred Jorge (DJ e cantor)

João Arruda (Violeiro, produtor e sonhador)

Marta Catunda (Compositora, educadora e pesquisadora)

Entrevistadoras

Carolina Rodrigues

Tatiana Plens

Captação

Cristiane Delfina

Susana Dias

Oscar Guarin

Sebastian Wiedemann

Montagem

Oscar Guarin

Susana Dias

Sebastian Wiedemann

Som e finalização

Sebastian Wiedemann

Este vídeo faz parte de um movimento com a obra “Caixa de futuro”, <https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=3350> concebida por Fernanda Pestana, Susana Dias e Cristiane Delfina como um laboratório aberto e desmontável, que propôs um encontro com os entrevistados.

Realização

Grupo multiTÃO-prolifer-artes sub-vertendo ciências, comunicações e educações (CNPq)

Sub-rede Divulgação Científica e Mudanças Climáticas

Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA),

Coordenada pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Projetos: CNPq No. 550022/2014-7, CNPq No. 458257/2013-3 e FINEP No. 01.13.0353.00.

ClimaCom Cultura Científica – Pesquisa, Jornalismo e Arte