Inocência infinitiva | Leonardo Domingos Braga da Silva
Título: Inocência infinitiva
Poema sobre uma ave um peixe que trocam, por vontade, magicamente de habitat, mas findam imediatamente por causa da poluição.
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Inocência infinitiva
Um pássaro, uma gaivota
Voa alto e observa
Nada há, só o mar
Céu limpo e nenhuma terra ou ilhota
Só a gaivota e o mar
E o mar se rejubila por observá-la
A gaivota em pleno ar, também olha para o mar
O mar dança e a gaivota se espanta
“Que motivo há para tanto o mar se inquietar?”
A gaivota desce para ao mar questionar
Mas, o mar não responde, silencia e se aquieta
O pássaro sobe voo enquanto medita: “como será ser mar?”
“Dos céus já tudo experimentara e estava cansado de voar”
Dos altos as águas parecem lençóis, “que vontade de se aconchegar”
Mas gaivota não é peixe, “como poderei tal coisa experimentar?”
Então o pássaro avista um peixe e decide a ele questionar:
“Como faço para nadar se só sei voar?”
-“Nas profundezas vivi muito tempo, onde luz não há”
“E agora vejo um pássaro que deseja nadar”
-“Quero experimentar as águas que tanto tempo observei”
“Venho voando sem parar, sem lugar para pousar, cobiço sim um lar”
O peixe riu e foi-se embora, e o pássaro ficou a se lamentar
Mas, logo volta o peixe, com uma sereia, também a nadar
“Vivi nas profundezas e agora já cansei, por minha vez desejo voar”
“Trago esta sereia que pode nos ajudar”
“Tem ela um líquido mágico que nos pode transmutar”
O peixe passarinhou alegre para as nuvens, e foi devorado por um pássaro de aço
O pássaro alegre foi para o fundo, puxado por algas de plástico.
SILVA, Leonardo Domingos Braga da Silva. Inocência infinitiva. ClimaCom – ClimaCom – Diante dos negacionismos [online], Campinas, ano 8, n. 21. dezembro 2021. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/inocencia-infinitiva
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