[deserto] imagem, meio e cartografia: notas sobre o movimento e a relação com o não conhecido[1] | Ana Godoy

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Ana Godoy[2]

 

Há coisas que apenas a inteligência é capaz de
procurar, mas que, por si mesma, não
encontrará nunca. Essas coisas, apenas o
instinto as encontraria; mas as procurará
nunca.

(Bergson,2005, p. 164)

Nota introdutória

O ensaio que o leitor tem em mãos é escrito com palavras e com imagens. Nele se põe em jogo certo regime perceptivo que explora a relação entre o visível e o invisível, o dado e o não dado, o extensivo e o intensivo, o movimento e a fixação, não como algo alheio à geografia, mas como tensão que ela porta. Nesse sentido, os conceitos trabalhados neste ensaio são a abertura ou a passagem para os muitos planos e dimensões que compõem a geografia e que escapam aos contornos disciplinares que pretendem sobre ela legislar. Talvez mais importante fosse dizer que, da arquitetura deste ensaio, participam coisas com as quais é preciso ainda se surpreender antes que explicar.

Começar pelos antípodas, pelo desconhecido, pelo invisível ou começar pelo já conhecido, por aquilo que já está dado à percepção? Esta questão é retomada aqui[4] com o intuito de explorar a ideia de que a imagem nasce com as forças que a definem, e, nesse sentido, a imagem de geografia e de cartografia que nos damos sempre diz das forças em jogo: ver o que está dado e ver o que ultrapassa o dado.

I

(Leia o ensaio completo em PDF)

 

Recebido em: 15/09/2024

Aceito em: 15/11/2024

 

[1] Este é um ensaio verbo-visual em que aquilo que é problematizado e proposto em termos de conceito é produzido em termos de imagem. O trabalho visual é uma colagem criada por mim e pelo artista visual Tarcísio Almeida a partir da série fotográfica Paisagens In-visíveis, de Sinval Garcia, de frames do filme Fata Morgana, de Werner Herzog, de dois dos desenhos de Música série de linhas, de Silvio Ferraz e Fernando Augusto [livro de artista inédito], de foto de arquivo de Crocker Land tirada pela expedição Peary (acesso livre), de foto da Carta de Toscanelli (acesso livre).

[2] Pesquisadora independente. Email: ana.godoy@rocketmail.com

[3] As fotografias utilizadas foram cedidas pelo artista, em DVD, em contato pessoal realizado em 2005, período em que realizava minha pesquisa de doutorado, ocasião em que obtive autorização de uso para fins acadêmicos, renovada posteriormente quando da publicação da tese em livro (A menor das ecologias. São Paulo, Edusp, 2008). Quero lembrar que o artista (também ele um pesquisador), falecido em 2011, para além das formalidades, generosamente ofertava material aos pesquisadores interessados em pensar seu trabalho e a partir dele. Nesse sentido, é um parceiro que deixou saudades.

[4] Esta questão foi inicialmente explorada no II Colóquio Internacional “A educação pelas imagens e suas geografias”.