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Michele Gonçalves
Acontece nesta última semana de julho a 66.a. Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco. A escolha do local para sediar o evento ressalta o papel central, também destacado nas falas de diversos pesquisadores e governantes ao longo das atividades iniciais da reunião, que a exploração sustentável dos recursos da floresta, baseada tanto no conhecimento científico e no desenvolvimento tecnológico, quanto nos conhecimentos tradicionais, têm adquirido nas agendas locais e nacionais.
Clélio Campolina Diniz, ministro de Ciência e Tecnologia, destacou o papel da bioeconomia como oportunidade de desenvolvimento econômico para o estado do Acre, e enfatizou a necessidade de se agregar conhecimentos científicos e tecnologia para preservar os recursos genéticos da Amazônia. A reunião da SBPC, segundo ele, terá papel fundamental ao trazer debates envolvendo tanto a ciência e a tecnologia quanto os conhecimentos tradicionais para preservação da floresta e sua integração nas estratégias futuras de exploração.
Para a vice-reitora da UFAC, Margarida de Aquino Cunha, a reunião possibilitará uma ampla reflexão sobre a Amazônia, ao propor uma aproximação efetiva de todos que constroem a ciência brasileira, justamente no estado que comporta, atualmente, enormes desigualdades sociais, econômicas, científicas e tecnológicas e, ao mesmo tempo e contraditoriamente, também a enorme riqueza da floresta amazônica.
Criar modelos de sustentabilidade que mantenham a floresta de pé e dignifiquem a vida das populações locais. Esse é o desafio proposto para conferências e mesas-redondas que compõem a programação: políticas públicas para a sociobiodiversidade; perspectivas indígenas sobre desenvolvimento e sustentabilidade; democratização dos meios de comunicação e obras de infraestrutura na Amazônia serão alguns dos temas debatidos na reunião que conta, ainda, com uma “SBPC indígena” e uma “SBPC extrativista”, enfatizando a proposta de se criar relações simétricas entre conhecimentos científicos e tradicionais, ou, “uma Amazônica sem fronteiras”. Para Minoru Martins Kinpara, reitor da UFAC , a SBPC trará, nesse sentido, um debate profícuo da política científica e tecnológica para a região, bem como uma maior possibilidade de difusão e popularização da ciência no estado.
Tal popularização é uma das grandes preocupações da reunião da SBPC deste ano. Pensando nisso, foi montada uma estrutura especialmente voltada para estudantes do ensino básico e médio, numa parceria com escolas e prefeituras de várias cidades da região. Ainda nessa perspectiva, foi montada também uma feira de ciência e tecnologia, a Expot&c, com o objetivo de aproximar o público das diversas fundações, institutos e universidades que atualmente trabalham na produção científica e tecnológica no país.
O evento contará também com a participação de variados públicos, desde cientistas e alunos de graduação até autoridades representativas da sociedade civil. Foram contabilizados mais de cinco mil inscritos no evento, sendo que, destes, aproximadamente três mil são originários do estado do Acre.
*Michele Gonçalves está cobrindo a 66.a. Reunião Anual da SBPC através da sub-rede Divulgação Científica e Mudanças Climáticas, da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT).