EXIT. Ou de como a informação não pode conter a vida | ClimaCom


EXIT. Ou de como a informação não pode conter a vida

Por Sebastian Wiedemann

O cineasta Harun Farocki já nos dissera que a imagem não é inocente, pelo contrário: é um composto sensível que, na atualidade, diz-se majoritariamente informação que propaga palavras de ordem. Nesse sentido, o cineasta alemão aposta na prática de desmontagem para conjurar a imagem. Mas, e se apostássemos em conjurar a imagem por sobre-montagem, na qual a informação é implodida desde dentro pela insistência em exacerbar sua condição? Levar ao limite a informação, ou como vemos e escutamos em EXIT, fazer da infografia uma potência expressiva. Nesta videoinstalação concebida sobre uma ideia de Paul Virilio, realizada por Diller Scofidio + Renfro, Mark Hansen, Laura Kurgan e Ben Rubin, com a colaboração de Stewart Smith e Robert Gerard Pietrusko, na qual sentimos ressonâncias do pensamento audiovisual de Farocki, a informação e seu modo de aparecer revertem sua lógica de captura e clausura para, por saturação, tornar-se porosidade vazante. EXIT se propõe experimentar as variações dos movimentos migratórios do humano numa decantação que só vem afirmar que a vida não pode ser contida. A vida é movimento, é migração e, por uma vontade de mais informar, de com mais precisão assinalar, a imagem se desborda e se diz ela mesma migração, instabilidade que não consegue sustentar palavra de ordem alguma. Algo de incomensurável da vida, dos movimentos de vida, dos movimentos migratórios não se deixa capturar pela imagem ou só aparece por sobrecarregá-la com quantidades de informação que não podemos terminar de perceber, mas que tornam o seu aparecer expressivo. EXIT termina sendo muito mais do que séries de informação que tentam contornar grandes quantidades de dados. Os dados terminam por se devorar a si mesmos e mostram muito menos os movimentos de saída, de migração do humano (como representação) e muito mais como a imagem em sobremontagem pode se tornar saída dela mesma. A imagem se faz um EXIT e, com ela, o humano, ainda que precário e predado pelo capitalismo, entre superfícies de informação que parecem esmagá-lo, consegue abrir frestas para uma nova terra, aquela que o excesso de informação na sua face afirmativa (subversiva) fermenta.

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