Floresta sensível II
TÍTULO: Floresta sensível II
Para instaurar outros modos de existência (Souriau) dos sistemas comunicantes propõe-se aqui adentrar a produção de visualidades e sonoridades da Revista ClimaCom e experimentar a produção coletiva de imagens, palavras e sons em alianças com as florestas. Experimentar possibilidades de que os humanos deixem de ser o centro dos processos comunicacionais e se abram, afetem e povoem por forças inumanas, impliquem-se com as florestas num campo mutante de diferenciação recíproca. Onde não há mais como operar por separações entre sujeitos e objetos, não há mais o humano separado, fora e acima da natureza, antes é preciso pensar nos humanos como materiais entre materiais. Aos humanos há uma tarefa a fazer, pois é no corpo a corpo com a matéria viva, no ganhar intimidade com a matéria ativa, em sua transmutação num material rico e complexo, que uma espécie de “comunicação secreta e inconfessável” (Lapoujade) se estabelece e por meio da qual se pode dar uma alma ou vida nova à floresta. Nada tem a ver com a posição de autor, mas antes com a realocação do humano no continuum com a natureza. Essa atenção à materialidade diz respeito a uma mesopolítica (Stengers) e envolve uma atenção às práticas e técnicas, recusando qualquer separação entre teoria e prática e forçando a uma disposição de um pensamento em ato, atento ao que surge em cada situação, recusando qualquer a priori e qualquer generalização. Não se trata de falar sobre as florestas, mas de fazer floresta por outros meios, meios fotográficos, pictóricos, escultóricos, cinematográficos, meios de escrita etc. Um fazer floresta que pede não apenas narrações, mas a invenção de outra língua, pede um ato poético, pede uma palavra viva. Pede que olhemos os materiais e atentemos para suas forças invisíveis, para os ruídos inaudíveis, demanda o diálogo eficaz com as práticas as mais diversas de quem ganha intimidade com as florestas, de fotógrafos, cineastas, pintores, climatologistas, ecólogos, professores, escritores etc., solicita uma contínua disposição a aprender com os povos extramodernos. A ideia de fazer floresta por outros meios reclama a necessidade de fazer do corpo uma estação hipersensível capaz de captar não as formas, mas sim as vibrações da matéria viva, tornar-se sensível à respiração das palavras como os Yoruba (Nathan e Hounkpatin). Potencializando o pensamento de que não estamos diante de um mundo pré-fabricado, nada está dado ou acabado, e tudo exige um processo de instauração (Souriau), um permanente compromisso dos humanos com a intensificação de existências insistentemente desqualificadas e com o fazer existir daquilo que não existe, mas que pede para existir.
Ficha técnica
Palestra e oficina realizadas durante o evento “Modos de Viver Sustentáveis” a convite do Coletivo “Ritmos de Pensamento” (UNISO).
Palestra: Susana Dias
Concepção e coordenação da oficina: Susana Dias
Organização e realização da oficina: Susana Dias, Tatiana Plens e Carolina Scartezini
Participantes: Alda Romaguera, Bárbara Lavínia Dias da Silva, Beatriz Carneiro de Lima Moraes, Carlos Manoel do Nascimento Faria, Carmem Silva Machado, Éder Rodrigues Proença, Gisele Cristina Gabriel de Souza, Ivy santos Dias Fonseca de Brito, Jose Felipe Godoy Mello de Lima, Katia Regina Pereira Ribeiro Publia, Laura Alves de Oliveira, Maria Julia Martins de Oliveira Camargo, Marta Catunda, Vicente Gomes Barroso Camargo, Tabta Rosa de Oliveira, Veronica Martins Hoffman, Wania Fernandes de Sousa, Vanessa Rolim Storolli
Fotos: Carmem Machado e Éder Proença
Resumo: Susana Dias
Local: Sesc Sorocaba
Data: 12 e 13/04
DIAS, Susana; OLIVEIRA, Tatiana Plens; SCARTEZINI, Carolina (oficina). “Floresta sensível”. ClimaCom – Fabulações Miceliais [online], Campinas, ano. 6, n. 14. Abr. 2019 . Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=10493
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SEÇÃO LABORATÓRIO-ATELIÊ |INTER/TRANSDISCIPLINARIDADE|Ano 5, n. 13, 2018
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