Vídeo | Marco Antonio Valentim e Luiz B. L. Orlandi | Mesa redonda

Título: A catástrofe de pensar. Do des-fundar de afetos inumanos e da vidência de uma nova terra


Prof. Dr. Luiz B. L. Orlandi | Unicamp | São Paulo |
Repensar por força de catástrofes geocidas – Como se não bastassem as séries de estratégias de produção capazes de se aliarem, de tempos em tempos, a forças dispostas a semear ondas de sucateamento de vidas humanas, estamos mergulhados agora nos sintomas que elevam a uma extraordinária potência o estrago provocado por uma nova aliança, aquela que se faz entre variados sucateamentos de mundos biológicos e forças cúmplices de iniciativas geocidas.

Prof. Dr. Marco Antonio Valentim | UFPR | Curitiba |
Cosmopolítica e entropia – nos célebres parágrafos finais de Tristes trópicos, Lévi-Strauss elabora uma das reflexões mais profundas e complexas da antropologia moderna. O antropólogo levanta uma contradição que seria a “de toda a humanidade”: “De que serve agir se o pensamento que guia a ação conduz à descoberta da ausência de sentido?” Ou seja, como dedicar-se simultaneamente “aos homens” e “ao conhecimento”, quando aqueles, sob a forma de múltiplos povos, lutam por sobreviver, e este assevera que “o esforço do homem se opõe inutilmente a uma decadência universal”? Porém, será que o zelo pela diversidade de culturas e formas de vida exige forçosamente a renúncia ao conhecimento da natureza, às custas de, caso contrário, a antropologia reduzir-se de direito à física dos processos irreversíveis? Por outro lado, se, como afirma Mauro Almeida interpretando Lévi-Strauss, “as transformações do espírito devem enraizar-se na matéria, subordinando-se assim a leis que regem máquinas reais”, não é igualmente necessário que, assim enraizado, o espírito possa como que desvairá-la, subvertendo o sentido da “flecha do tempo” (Prigogine & Stengers)? Mas supor, com isso, que culturas distintas constituem naturezas também distintas, não é, por sua vez, operar a redução inversa? Será mesmo incontornável uma tal alternativa infernal? Em suma, como compor uma divergência irredutível entre mundos que diferem com a implacável entropia do cosmos?

Mesa redonda
A catástrofe de pensar. Do des-fundar de afetos inumanos e da vidência de uma nova terra
Local – Auditório do Centro de Convenções – Unicamp
Mediadora: Profa. Dra. Carolina Cantarino Rodrigues
29 de novembro de 2017
Campinas/SP – Brasil

 


 

Este vídeo foi gravado durante o VII SEMINÁRIO CONEXÕES: DELEUZE E COSMOPOLÍTICAS E ECOLOGIAS RADICAIS E NOVA TERRA E…realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) entre 27 e 29 de novembro de 2017. Veja a proposta do evento abaixo e saiba mais acessando a página oficial do Seminário: 

VII SEMINÁRIO CONEXÕES chega em 2017 a sua sétima edição. Desde 2009 o evento propõe proliferações com o pensamento do filósofo Gilles Deleuze em interseções as mais inusitadas. Embora nosso dever seja o de ser intempestivos a nosso tempo, é ele na sua condição de contemporâneo que nos força a pensar. O Antropoceno, como tempo marcado pelas catástrofes, pelas mudanças climáticas e nossa ação irreversível sobre as condições materiais de existência, sobre Gaia; parece que nos joga em direção ao fim do mundo. Um beco sem saída onde a comunicação e educação se tornam cúmplices de nossa miséria. No entanto, não acreditamos no fim do mundo, como um Grand Finale, pois para quem acredita nas potências criativas da vida e do humano, o Novo, sempre advém do fim de um mundo que dá lugar a um outro. O mundo como uma cosmogênese constante. Uma comunicação entendida como multirelacionalidade que se diz potente ao afetar e ao se deixar afetar abrindo novas individuações e transformações na matéria; assim como uma educação como possibilidade de deslocar a aprendizagem para uma condição de ambiências imanentes que colocam o humano e não humano em processos de apreensão, de se apre(e)nderem mutuamente como encontro entre heterogêneos, podem ser os mais potentes aliados para um mundo que se resiste a acabar. É por isso, que este ano o Conexões pretende se jogar em experimentações a partir do conceito de Deleuze e Guattari de Nova Terra. Acreditamos que a infindável procura por reinventar e refazer o mundo, por compor uma nova imagem do pensamento é sempre a procura por uma Nova Terra, por povoar uma e outra vez, por fazer diferir a mecanosfera que não para de afirmar seu des-fundamento como potência criadora e onde uma constelação de conceitos outros emerge e estes fazem contato dando consistência a possíveis e impensadas Cosmopolíticas e Ecologias Radicais. O que pode o humano nos seus devires em tempos de catástrofe? É talvez a pergunta que tem nos des-orientado no pensamento com as mudanças climáticas na Revista ClimaCom – Labjor e no OLHO Laboratório de Estudos Audiovisuais da FE e que nos instiga a querer fazer deste VII Seminário um experimento em estar junto onde modos e lógicas de pensamento as mais díspares e aberrantes façam funcionar o pensamento de Deleuze e Guattari, na vontade de farejar faíscas dos modos como essa Nova Terra, suas Cosmopolíticas e Ecologias Radicais, podem aparecer e…

  

 

 

 

 

VALENTIM, Marco A.; ORLANDI, Luiz B. L.. A catástrofe de pensar: do des-fundar de afetos inumanos e da vidência de uma nova terra. ClimaCom – Ecologias Radicais [online], Campinas , ano.  5, n. 11. Abr. 2018 . Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=9140


 

SEÇÃO LABORATÓRIO-ATELIÊ |ECOLOGIAS RADICAIS |Ano 5, n. 11, 2018

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