tambor dialético | exú: caminhos abertos entre 2024/2025 | Eduardo Ojú
Eduardo Ojú[1]
Exú Onã amojubá, bá Exú, Exú lorucó, abre os caminhos
(Exú, 2013, ensinando a arriar o padê)
O artigo percorre três eixos principais: primeiro, revisita parte do trajeto teórico do tambor dialético (#ôó), que envolve minha vivência no território quilombola Sapê do Norte como artista, brincante, ogã e educador popular, tendo por foco a orientação de Exú; problematiza concepções recorrentes de “cultura popular” e “campesinato” para situar brincadeiras e festas quilombolas no campo da filosofia africana.
O segundo eixo descreve as experiências do #ôó entre 2024 e 2025, envolvendo a) formação da equipe responsável pelo educativo do Museu Vale e integrantes da Cia de Dança NegraÔ, em Vitória, ES; b) formação de educadoras/es do ensino público, estudantes atendidos pelos centros culturais Araçá e Reconstruir, e integrantes da Associação de Catadores de Resíduos Sólidos, na cidade de São Mateus, ES; c) integrantes do Núcleo de Artes Afro-brasileiras da USP e do Centro Cultural Tribo Bahia Capoeira, em SP; e d) educadoras/es e estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental Três de Maio, no Assentamento Castro Alves, em Pedro Canário, ES.
(Leia o artigo completo em PDF)
Recebido em: 15/09/2025
Aceito em: 15/11/2025
[1] Graduado em Comunicação Social – Jornalismo, pela Faculdade Pitágoras; Mestre em Ensino na Educação Básica pela UFES/CEUNES. Email: eduardo.oju@gmail.com. Portfólio https://drive.google.com/file/d/1PQ3bdodyliJKN69YQMfu8D40NqlXQSqg/view
tambor dialético | exú: caminhos abertos entre 2024/2025
RESUMO:O tambor dialético interage práticas de jongo, modelagem e escrita coletiva para investigar as filosofias africanas presentes em determinado território. Seu fundamento teórico e metodológico nasce da vivência no território quilombola Sapê do Norte, localizado no estado do Espírito Santo. A proposta começou em 2014 e se consolidou em 2017, servindo de base para a encenação da marujada de cabôco com jovens do Quilombo São Cristóvão. Entre 2018 e 2023, as experiências com mestres e estudantes propiciaram artigos em diálogo com a educação do campo e a educação ambiental crítica, resultando na dissertação de mestrado “tambor dialético: o barro pensa, a forma, o tempo é quem dá”. O texto atual revisita minha memória pessoal de Exú e registra as experiências realizadas entre 2024 e 2025 com artistas, pesquisadores, educadores e estudantes em Vitória, São Mateus, Pedro Canário e São Paulo. Essas ações reafirmam o tambor como prática coletiva de criação de linguagem e pensamento, o que leva a problematizar a noção de “cultura popular” aplicada a brincadeiras e festas quilombolas, destacando-as como expressões de filosofias pertencentes a paradigmas próprios. Ao defender que o paradigma afro-indígena já é uma realidade atuante, reivindica-se o seu reconhecimento como coautor do pensamento contemporâneo. O exercício do #ôó (do qual o artigo é uma faceta) oferece imagem local deste processo global e busca contribuir com grupos pertencentes a territórios negros, envolvidos em fortalecer processos de auto-organização comunitária e transformação social. Exú acompanha o percurso, orienta a criação de arte, epistemologia e método, que se refaz à medida que os caminhos se abrem.
PALAVRAS-CHAVE: Sapê do Norte. Filosofia Africana. Tambor Dialético.
dialectical drum | 2024/2025
ABSTRACT:This article continues the proposal of the dialectical drum (#ôó), conceived as an artistic, philosophical, and educational practice in the quilombola territory of Sapê do Norte, Espírito Santo, Brazil. Since 2014, this experience has articulated music, theater, and ceramics, consolidating in 2017 with the performance of marujada de cabôco together with young people from the São Cristóvão quilombo. The trajectory includes the publication of articles in dialogue with rural education and critical environmental education, as well as the master’s dissertation in basic education, Tambor dialético: o barro pensa, a forma, o tempo é quem dá (2023). The present text develops theoretical reflections and subsequent experiences (2024/25), involving jongo and percussion workshops held in Vitória, São Mateus, Pedro Canário, and São Paulo. These activities reaffirm the drum as a collective practice for the creation of language and thought. The article aims to question the notion of “popular culture” associated with practices such as jongo, capoeira, and quilombola festivities, and to highlight them as expressions of philosophies grounded in their own paradigms. By affirming the Afro-Indigenous paradigm as an already existing reality, the article advocates for the recognition of this paradigm as a co-author of contemporary thought. The exercise of #ôó, under these circumstances, offers a local image of a global process and seeks to support artists, educators, and researchers engaged in strengthening processes of community self-organization and social transformation in Black territories. Exu accompanies this entire movement, permeating both the source and the aim—which is artistic creation—the heritage and the legacy—which are the epistemologies—and the method itself, which is continually shaped and reshaped as one walks the open paths.
KEYWORDS: Sapê do Norte. African Philosophy. Dialectical Drum.
OJÚ, Eduardo,. tambor dialético | exú: caminhos abertos entre 2024/2025. ClimaCom – Exu: arte, epistemologia e método [online], Campinas, ano 12, n. 29., dez. 2025. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/um-santo-nas-encruzilhadas/
