Antecipar o desastre
Estamos vivenciando uma crise climática que nos coloca perante a iminência de uma multiplicidade de eventos extremos, como enchentes e inundações devastadoras, secas intensas e colapsos hídricos. As consequências desses acontecimentos para vidas humanas, não-humanas e mais-que-humanas são devastadoras e se agravam em decorrência de condições naturais-culturais e socioeconômicas. De acordo com o filósofo indígena Ailton Krenak (2020), estamos despencando. Conforme Ana Cláudia Sanches (2023) nomeia em reportagem publicada pela Climacom, há um racismo climático operando. Diante desse cenário, que atinge a uns ainda mais que a outros, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) realiza um trabalho indispensável: seus pesquisadores e suas pesquisadoras monitoram áreas de riscos a fim de emitir alertas, antecipar desastres e, na medida do possível, mitigar a ameaça à vida. Em entrevista concedida à Climacom, José A. Marengo (2019) observa que há uma questão de gerenciamento envolvida. Por estimar a antecipação como uma estratégia inegociável, o Tema Transversal de Comunicação do INCT Mudanças Climáticas Fase 2 e a UC 01 – Comunicação, Arte e Cultura do INCT – Observatório Nacional de Recursos Hídricos e Gestão Adaptativa (ONSEAdapta) se interessaram por realizar residência artística denominada “Antecipar o desastre”. O objetivo consistia em investigar como as práticas de antecipação se apresentam em trabalhos científicos, artísticos e de divulgação, exercitando o diálogo entre pesquisadores, artistas e outras iniciativas realizadas no âmbito do Cemaden, nas mesas de trabalho desenvolvidas pelo grupo mulTitão que são povoadas de imagens e devires céus como uma espécie de cartografia que se compõe de imagens e textos poéticos. Nos interessamos pela prática de antecipar o desastre como forma de segurar o céu, como diz Davi Kopenawa (2015), ou como forma de fabular e abrir possibilidades de diálogos entre a prática artística e a científica como devires convocados pela contemplação de imagens do céu e de suas relações com humanos e mais que humanos.
Bibliografia:
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
KOPENAWA, D.; ALBERT, B. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
MIRANDA, Emanuely. “Estamos avançando e novamente ganhando terreno na agenda ambiental – Entrevista com José A. Marengo”. Climacom, Campinas, 30 de jun de 2024. Disponível em: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/entrevista-marengo-2/. Acesso em: 3 de set. de 2024.
MIRANDA, Emanuely. Quando a crise climática esbarra no racismo. Climacom, Campinas, 29 de set de 2023. Disponível em: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/racismo-climatico/. Acesso em: 3 de set. de 2024.
Programação
28 de maio – São José dos Campos
Palestras com Marisa Mascarenhas e Carla Pietro
Vivência imersiva no Cemaden com Demerval Gonçalves
Roda de Conversa com Rachel Trajber e Alan Pimentel sobre modos de antecipar e comunicar o desastre
29 de maio – Campinas
Visita ao Ateliê Serafina para criações coletivas com Valéria Scornaienchi
ORGANIZADORES |Susana Dias (Unicamp), Valéria Scornaienchi (ateliê serafina), Emanuely Miranda (Unicamp), Rachel Trajber (Cemaden)
PRODUÇÃO | Priscilla Françoso, Gabriel Gruber
PARTICIPANTES | Emanuely Miranda, Susana Dias, Valéria Scornaienchi, Larissa Bellini, Fernando Camargo, Muriel Scarnichia, Gabriela Leirias, Jayne Mayrink, Diana Zatz, Marcela Perpétuo, Maristela Rodrigues, Lúcia Estevinho, Michele Fernandes
FOTOGRAFIAS | Emanuely Miranda, Muriel Scarnichia, Maristela Rodrigues e Jayne Mayrink
PARCERIAS | Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e ateliê serafina
PROJETO | INCT-Mudanças Climáticas Fase 2 (CNPq 465501/2014-1, FAPESP 2014/50848-9 e CAPES 16/2014
Revista ClimaCom