Regeneração por meio da fé: a atuação da Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce no contexto do crime-desastre da Samarco | Amanda Kapiche Brito


Amanda Kapiche Brito[1]

 

Introdução 

No dia 05 de novembro de 2015, um dos maiores crimes socioambientais envolvendo atividades de mineração aconteceu no Brasil: o rompimento da barragem de Fundão, em Minas Gerais, administrada pela mineradora Samarco S.A, junto das suas acionistas Vale e BHP Billiton, contabilizou uma enxurrada de aproximadamente 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos, os quais continham uma série de elementos da tabela periódica como ferro, manganês, cromo, cobre, zinco, alumínio, cádmio e cobalto (Creado, 2022). 

A rota da destruição feita pela lama que, posteriormente, desaguou no mar levou à perda de 19 vidas humanas e incontáveis não humanas, carregou inúmeras memórias de pessoas e seus vínculos desde a alimentação, as atividades de trabalho, lazer, espiritualidade e esporte, como o surf. Durante o percurso que envolveu os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, os modos de vida foram extintos deixando o medo da contaminação, o pavor dos metais pesados e a reação que eles poderiam causar nos corpos humanos e não humanos, quando em contato com os mananciais de água. A mutabilidade deixada pela lama continuou a modificar de forma nostálgica, melancólica e incerta distintos aspectos das vidas compartilhadas, principalmente, os aspectos subjetivos e íntimos, que, por maiores que sejam as tentativas, não conseguirão reparar os danos envolvendo práticas espirituais como batismos e ritos de curas. 

(Leia o ensaio completo em PDF)

 

Recebido em: 15/02/2025

Aceito em: 15/05/2025

______________________________________________________

[1] Mestranda no Programa Pós Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo e graduada em licenciatura e bacharelado em Ciências Sociais pela mesma instituição. Email: amanda.k.brito@edu.ufes.br

Desdobramentos flúvio-epistêmicos das espiritualidades ancestrais: afluentes na Tanakh
a Bíblia, Oxum e povos do grupo Tukano Oriental

 

RESUMO: O presente artigo se propõe a questionar parâmetros da Ciência através de um exercício de decolonialização epistêmica ativando saberes e afetos do conhecimento e da expeririência espiritual com os rios. Buscando reativar toda a potência dos rios em suas confluências cósmicas com toda a terra/Terra, do qual somos parte, abrimos afluentes para analisar as tradições da Tanakh e da Bíblia, de Oxum, e dos povos indígenas do grupo Tukano Oriental. Por fim, oferecemos o convite de um flúvio-epistemologia para um serpentear pelos dias, proliferar correntezas, culminar rotas e regar caminhos nestes tempos.

PALAVRAS-CHAVE: Decolonialidade. Espiritualidade. Rios.


Desarrollos fluvio-epistémicos de espiritualidades ancestrales: afluentes en el Tanakh a la Biblia,
Oxum y pueblos del grupo Tukano Oriental.

 

ABSTRACT OU RESUMEN: Este artículo se propone cuestionar los parámetros de la Ciencia a través de un ejercicio de descolonialización epistémica mediante la activación de los saberes y afectos del conocimiento espiritual con los ríos. Buscando reactivar todo el poder de los ríos en su confluencia cósmica con toda la Naturaleza, de la que formamos parte, abrimos afluentes para analizar las tradiciones del Tanaj y la Biblia, de Oxum, y de los pueblos indígenas del grupo Tukano Oriental con los ríos. Finalmente, ofrecemos la invitación de una río-epistemología para serpentear a través de los días, proliferar corrientes, culminar rutas y caminos del agua en estos tiempos.

PALABRAS CLAVE: Decolonialidad. Espiritualidad. Ríos.


MIRANDA, Emanuely; GRUBER, Gabriel D. Desdobramentos flúvio-epistêmicos das espiritualidades ancestrais: afluentes na Tanakh a Bíblia, Oxum e povos do grupo Tukano Oriental. ClimaCom – Manifesto das águas [online], Campinas, ano 12, n. 28., jun. 2025. Available from: http://climacom.mudancasclimaticas.net.br/desdobramentos-fluvio-epistemicos/