Por | Gláucia Pérez
Editora | Susana Oliveira Dias
Em ano de eleição é fundamental pensar que a transição política leve em consideração estabilidade de governança em assuntos de preservação ambiental e mudanças climáticas. É preciso trazer o tema para o debate político e para “dentro” das eleições e eleger políticos que tenham a agenda ambiental como tema prioritário. Essas foram algumas das conclusões do webinário das mudanças climáticas FAPESP “Caminhos para o Brasil pós-COP26”, que ocorreu dia 16 de novembro e que teve como moderador o pesquisador do INCT Mudanças climáticas fase 2, Paulo Artaxo, que coordena a subcomponente Impactos nos ecossistemas brasileiros frente às mudanças do uso da terra e à biodiversidade. Paulo Artaxo enfatizou: “a participação dos estados e municípios, além do setor privado e do terceiro setor, é absolutamente estratégica para conseguirmos encontrar saídas da melhor maneira possível”.
O evento debateu o que foi relevante na conferência da COP26 e o Brasil pós-COP26. A COP26 foi uma conferência realizada pelas nações unidas sobre mudanças climáticas globais, que ocorreu entre os dias 1º e 12 de novembro desse ano, em Glasgow, na Escócia. No debate os pesquisadores participantes – Ana Toni do Instituto Clima e Sociedade, Eduardo Trani, subsecretário de meio ambiente do Estado de São Paulo, Jacques Markovitch, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP – enfatizaram: o não fechamento do acordo sobre a ajuda de 100 bilhões que foi prometido em 2015 aos países em desenvolvimento; o prevalecimento dos interesses comerciais e econômicos de países em desenvolvimento sobre implementações políticas para a redução de emissões de gases de efeito estufa; e, ainda, o tema “Justiça climática”, que foi relevante na COP26.
Markovitch trouxe a importância de entendermos que “estamos migrando da era industrial para a digital com sustentabilidade”, e que essa sustentabilidade “significa tanto no tema da biodiversidade como no do clima”. Um tema bem discutido também na COP26 foi o do mercado de carbono, que de acordo com os debatedores envolve pensar que o mercado é que decide o preço em termo de oferta e demanda. E isso significa não apenas a redução de emissões, mas também o incentivo à inovação tecnológica.
Falaram também sobre os processos multilaterais que foram de grande relevância para a conferência, pois são países que serão mais atingidos com as mudanças climáticas. Ana Toni disse que esses processos “trazem mais ambição e velocidade aos debates ambientais”. Acrescentou ainda que os clubes-climáticos, que são os países ricos e maiores poluidores, se tornaram um risco para esses debates e processos multilaterais, pois não têm a mesma ambição e ainda tentam excluir esses países com maior ambição, uma vez que querem preservar seus interesses comerciais e econômicos.
Os investigadores também ressaltaram os compromissos do Brasil na COP26, que foram: zerar até 2028 o desmatamento da Amazônia; reduzir em 50% as emissões de carbono, e em 30% as emissões de metano até 2030; e a neutralidade em emissões de carbono até 2050.
No final do webinário, Paulo Artaxo falou da urgência de respeitarmos os limites da natureza, e de aprendermos a usar os recursos naturais. E, ainda, a necessidade de transformarmos todo o sistema socioeconômico planetário, pois foi esse o responsável pela crise ambiental atual. Já Ana Toni se referiu ao assunto climático da seguinte forma: “clima não é um tema ideológico, é um tema científico, é um fenômeno científico que requer que todos nós enfrentemos. Quem não é parte da solução, é parte do problema”.
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Gláucia Pérez é bolsista TT Fapesp no projeto INCT-Mudanças Climáticas Fase 2 financiado pelo CNPq pro- jeto 465501/2014-1, FAPESP projeto 2014/50848-9 e CAPES projeto 16/2014, sob orientação de Susana Dias e Antonio Carlos Amorim.
Coletivo e grupo de Pesquisa | multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações (CNPq)
Projetos | Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC) – (Chamada MCTI/CNPq/Capes/FAPs nº 16/2014/Processo Fapesp: 2014/50848-9); Revista ClimaCom: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/ e Revista ClimaCom.