Perceber-fazer floresta II

A ClimaCom segue com a série de residências entre artes, ciências e ancestralidades com a proposta “Perceber-fazer floresta”. Desta vez a proposta resulta de uma parceria do grupo multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com as comunidades Baré, Karapãna em Manaus, a comunidade Guaraini-Kaiowá no Mato Grosso, a comunidade Jongo Dito Ribeiro do quilombo urbano Fazenda Roseira em Campinas, o Centro Cultural Casarão do Barão, o Ateliê Serafina de Campinas, o Instituto de Artes da Unicamp, a Faculdade da Educação da Unicamp, e o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp, o Instituto de Saúde e Sociedade, da Universidade Federal de São Paulo e o Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (URGS). Foram abertas 45 vagas para artistas da Rede Latino-Americana de Divulgação Científica e Mudanças Climáticas. A programação foi pensada presencial para o período de 23/04/2024 a 26/04/2023.

 

ORGANIZADORES | Susana Dias (Unicamp), Marina Guzzo (Unifesp), Sylvia Furegatti (Unicamp), Paulo Telles (Unicamp), Kellen Natalice Vilharva (Unicamp), Lilian Maus (UFRGS), Alessandra Ribeiro (Fazenda Roseira), Ana Claudia Martins – Claudia Baré (Unicamp) e Emanuely Miranda (Unicamp).

PARTICIPANTES | Integrantes da Rede Latino-Americana de Divulgação Científica e Mudanças Climáticas e convidados (45 pessoas)

Esta residência artística propõe a vivência das florestas, das matas, dos matos. Partimos da percepção de que é preciso proliferar florestas por todas as partes. Como diz o filósofo indígena Ailton Krenak é preciso começar a produzir floresta como “subjetividade”, como “uma poética de vida”. Diz ele: “cultivem essa lógica dentro de vocês, diminuindo a velocidade, essa tensão que a vida implica, e criem uma essência afetiva, colaborativa, que é a natureza da floresta”. Para isso, precisamos aprender a dar atenção às plantas, aos fungos, aos animais, às forças, aos seres que sabem perceber-fazer floresta, saber criar modos de viver junto afirmativamente. Nesta proposta buscaremos entrar em conexão com práticas de líderes indígenas, escultores, performers, fotógrafos, desenhistas, biólogas, meteorologistas, engenheiros e mães de santo que têm feito floresta em suas práticas. O foco da residência serão as práticas realizadas por essas pessoas para ganhar intimidade com as florestas, as matas, os matos e que colaboram para tornam a Terra habitável. Entre cozinhar, caminhar, cantar e contar, mergulharemos juntos em processos de atenção aos materiais, aos procedimentos e aos acontecimentos que se instauram nas passagens entre um material e outro, entre um gesto e outro.

Esta residencia artística propone la experiencia de los bosques/la selva. Partimos de la percepción de que es necesario que los bosques proliferen en todas partes. Como dice el filósofo indígena Ailton Krenak (2021) debemos empezar a producir bosques como “subjetividad”, como “una poética de la vida”. Dice el: “cultiva en ti esta lógica, frenando esta tensión que implica la vida, y crea una esencia afectiva, colaborativa, que es la naturaleza del bosque”. Para ello es necesario aprender a prestar atención a las plantas, a los hongos, a los animales, a las fuerzas, a los seres que saben percibir y hacer bosques, saben convivir afirmativamente. En esta propuesta buscaremos conectarnos con las prácticas de líderes indígenas, cocineras, performers, fotógrafos, ingenieros, diseñadores, biólogos, historiadores y madres de santos. El foco de la residencia será en las prácticas que llevan a cabo estas personas para ganar intimidad con los bosques/la selva que contribuyen a hacer habitable la Tierra. Entre cocinar, caminar, cantar, contar…, nos sumergiremos juntos en procesos de atención a los materiales, procedimientos y acontecimientos que ocurren en los pasajes entre un material y otro, entre un gesto y otro.

 

Programação “Perceber-fazer floresta II”- Residências ClimaCom

23 de maio

 

 

Galeria Gaia – Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Rua Sérgio Buarque de Holanda, 421. Térreo da Biblioteca Central “Cesar Lattes”. Cidade Universitária “Zeferino Vaz, Barão Geraldo – Campinas.

8:00h – recepção, entrega de materiais, diárias e tickets de refeições pagas antecipadamente (entrada da Galeria Gaia pela Biblioteca Central)

9:00h – abertura exposição “Tierra” e dinâmicas corporais para aterrar com Marina Guzzo (Unifesp)

9:30h – roda de conversa com Maria Alice Paulino de Souza (liderança indígena Karapãna e acadêmica de artes e turismo na UEA) e Kellen Vilharva (indígena Guarani Kaiwoá, doutoranda em clínica médica na Unicamp)

11:30h – almoço (sugestão restaurante Bandejão ou restaurante da Adunicamp – Av. Érico Veríssimo, 1479 – Cidade Universitária – ambos acessíveis caminhando pelo campus)

13:00h – roda de conversa com artistas e curadora (Ana Claudia Martins, Carolina Cantarino, Izabela Aleixo, Kellen Vilharva, Lilian Maus, Maria Alice Paulino de Souza, Marina Guzzo, Santiago Arcila, Susana Dias, Sylvia Furegatti e Paulo Telles)

14:30h – lanche coletivo e oficina com Claudia Baré de trançado e grafismo

15:30h – palestra e conversa com Eduardo Mario Mendiondo (engenheiro hídrico da USP e do INCT Mudanças Climáticas – Fase 2)

24 de maio

Mata Santa Genebra – Fundação José Pedro de Oliveira

Rua Mata Atlântica, 447 – Bosque de Barão Geraldo

9:00h – dinâmicas corporais para aterrar com Marina Guzzo (Unifesp)

9:30h – trabalho de campo com os biólogos da Mata Santa Genebra, a bióloga Alessandra Penha (Ufscar de Araras), os biólogos David Lapola e Izabela Aleixo (do projeto Amazon-Face, Unicamp e Inpa) e a artista Valéria Scornaienchi (do Ateliê Serafina)

13:00h – almoço (sugestão Bagdá Cozinha Árabe – Rua Maria Ferreira Antunes, 116 – Barão Geraldo – o deslocamento deverá ser feito de taxi e/ou motorista de aplicativos)

Centro Cultural Casarão

R. Maria Ribeiro Sampaio Reginato – Barão Geraldo, Campinas

15:00h – mostra de arte indígena com Claudia Baré, Nicole Baniwa e Jakary Kuikuru

16:00h – exposição, mostra de vídeo e oficina “Mandioca: raiz-corpo ancestral” com Leandro Tupã, Lucinalva Moura Lopes, ⁠Janilton Pinheiro Ferreira, Gabriel Flores Filho, ⁠Vera Moura Tukano, ⁠Davina Marques, ⁠Alik Wunder, Mawanaya Wauja, Leonardo Luiz da Silva e ⁠Ahuaugu Amaral (Faculdade de Educação da Unicamp)

18:00h – lida com a mandioca – preparo coletivo de alimentos para a noite/jantar coletivo, aos cuidados de Rosana Lourenço Joaquim do “Ateliê Cozinha lá em Casa”, e fogueira, cantoria e dança nos jardins – cantos Kui kui kui Penkry, Kaingang Tahap e Gri ererrè (cântico Krenak para saudar o fogo) com a indígena Kaingang-Terena Rayane Barbosa e sarau aberto.

25 de maio

9h – Saída do Labjor-Unicamp (disponibilizaremos ônibus para ir para a Fazenda Roseira)

Rua Seis de Agosto, 50 – Reitoria V, Cidade Universitária “Zeferino Vaz” Campinas

Casa de Cultura Fazenda Roseira

Rua Domingos Haddad, 1, Residencial Parque da Fazenda

10:00h às 12:00h – Acolhimento e apresentação de espaço pelas lideranças e jovens – trilha dos orixás (Alessandra Ribeiro, Bianca Lucia, Flavia Tamiris, Enzo Giovanno -Lemba, José Luciano Fernandes – Palmares, Carla Bispo e Rayanne Araujo)

12:00h às 13:30h – Almoço – mulheres da comunidade (cozinha como espaço sagrado)

13:30 às 15:30h – Trocas em oficinas simultâneas – oficina de turbantes (Dandewara Pereira); artes, ciências, sentidos e plantas (Juliana Z. M. T. Ribeiro e Alessandra Penha); racismo ambiental (Lucas Cesar Rodrigues da Silva)

15:30 às 16:30h – vivência do jongo (dança e música)

16:30 às 17h – lanche coletivo

26 de maio

Centro Cultural Casarão

R. Maria Ribeiro Sampaio Reginato – Barão Geraldo, Campinas-SP

9:00h – dinâmicas corporais para aterrar com Marina Guzzo (Unifesp)

9:30h – exercícios de criação coletiva em mesas de trabalho com sapos, vírus, plantas e pássaros – grupo multiTÃO do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor-Unicamp) – André Luiz de Moraes, Emanuely Miranda, Gabriel Gruber, Larissa Bellini, Leo Arantes Lazzerini, Natália Aranha, Mariana Vilela, Rayane Barbosa, Natan Rafael da Silva, Tayná Gonçalves, Wallace Fauth e Susana Dias – e artistas e pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) – Breno Filo, Marília Frade e Bianca Santos e Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Tiago Amaral Sales

11:30h – preparo coletivo de alimentos – lida com o milho – e almoço aos cuidados de Rosana Lourenço do “Ateliê Cozinha lá em Casa”

14:00h – roda de conversa final

 

Bibliografia

REIS, Vilma. Comecem a produzir floresta como subjetividade, como uma poética de vida, diz Ailton Krenak em festival de cinema português. Amazônia Real. 8 dez 2021. https://conexaoplaneta.com.br/blog/comecem-a-produzir-floresta-como-subjetividade-como-uma-poetica-de-vida-diz-ailton-krenak-em-encontro-portugues/#fechar

 

Fotografias

Corina Ilardo, Elizabeth Vidal, Gabriel Cid Garcia, Larissa Bellini, Leo Lazzerini, Mariana Vilela Leitão e Tatiana Plens Oliveira.

 

Parcerias

Casa de Cultura Fazenda Roseira e Comunidade Jongo Dito Ribeiro, Centro Cultural Casarão, FE-Unicamp, IA-Unicamp, Cepagri-Unicamp, Unifesp, URGS.

 

Projetos

Perceber-fazer floresta: alianças entre artes, ciências e comunicações diante do Antropoceno (Fapesp 2022/05981-9)

INCT-Mudanças Climáticas Fase 2 (CNPq 465501/2014-1, FAPESP 2014/50848-9 e CAPES 16/2014

Rede Latino-americana de Divulgação Científica e Mudanças Climáticas

Revista ClimaCom

 

Financiamento

Fapesp, Diretoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unicamp e Faepex-Unicamp