O Bem Viver enquanto caminho para a elaboração das feridas coloniais | Andressa Fouraux Figueira e André do Eirado Silva


 

Andressa Fouraux Figueira [1]

André do Eirado Silva [2]

 

A expressão Bem Viver chegou para boa parte de nós, brasileiros, por meio da língua espanhola, fazendo referência a uma prática ancestral dos povos andinos, são esses os povos Quechua e Aymara. Ambos, em suas línguas, têm, com pequena variação de expressão, a palavra Sumak Kawsai. O termo Bom Viver é a tradução mais próxima de Buen Vivir, utilizado no Equador, e Vivir Bien, na Bolívia, que são ideias que aludem às cosmovisões desses povos (Acosta, 2016; Krenak, 2020b). “De acordo com o Shimiyukkamu Dicionario Kichwa-Español, publicado pela Casa de Cultura de Ecuador em 2007, sumak se traduz como hermoso, bello, bonito, precioso, primoroso, excelente; kawsay, como vida” (Acosta, 2016, p. 10). A tradução da expressão para o português tenta se manter coerente com os princípios do próprio Bem Viver, entendendo a pluralidade de expressões utilizadas pelos diferentes povos para se referir ao que podemos chamar de filosofia vivida.

(Leia o ensaio completo em PDF)

 

Recebido em: 01/03/2024

Aceito em: o1/06/2024

 

[1] Mestranda no Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente (Ensp/Fiocruz). Graduada em Psicologia (UFF). Email: andressafourauxfigueira@gmail.com

[2] Professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (IPSi/UFF). Email: aeirado@id.uff.br

O Bem Viver enquanto caminho para a elaboração das feridas coloniais

 

RESUMO: Este artigo apresenta reflexões a respeito do Bem Viver, situando a origem, as traduções e os voos deste termo no espaço/tempo. O texto traz várias perspectivas indígenas sobre essa expressão, como a dos Baniwa do noroeste amazônico brasileiro. Nesse trajeto, é apresentada sua confluência com o teko porã do povo Guarani, com ênfase nos subgrupos Nhandeva e Mbya. Por meio da análise dessa noção, que perpassa tantos mundos, problematiza-se e reflete-se sobre o que foi denominado como mundo juruá (branco), sendo levantadas questões acerca das insuficiências existenciais deste mundo, as chamadas feridas coloniais.

PALAVRAS-CHAVE:  Bem Viver. Povos originários. Branquitude. 

 


Good Living as a pathway to the elaboration of colonial wounds

 

ABSTRACT: This article presents reflections on Good Living, situating the origin, translations, and flights of this term in space/time. The text brings several indigenous perspectives on this expression, such as those of the Baniwa from the Brazilian Amazon northwest. Along this path, its confluence with the teko porã of the Guarani people is presented, with emphasis on the Nhandeva and Mbya subgroups. Through the analysis of this notion, which permeates so many worlds, it problematizes and reflects on what was called the juruá (white) world, raising questions about the existential insufficiencies of this world, the so-called colonial wounds.

KEYWORDS: Good Living. Indigenous peoples. Whiteness.


FIGUEIRA, Andressa Fouraux; SILVA, André do Eirado. O bem viver enquanto caminho para a elaboração das feriadas coloniais. ClimaCom – Territórios e Povos indígenas [online], Campinas, ano 11, n. 26., Jun. 2024. Available from:  https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/o-bem-viver/ ‎