Marcas d’água: narrativas cotidianas e criações curriculares | Noale Toja e Julia Lima


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Noale Toja e Julia Lima[1]

 

 

Marcas d’água, seu contexto 

Este ensaio não se trata de uma narrativa autobiográfica, são experiências cotidianas que montam currículos que tratam de intimidades, relações de perto de si, de um outro, ora de dentro, ora de fora. São currículos que se criam em torno do movimento das águas ou da ausência delas, intimidades humanas e não humanas que se orientam pelos gestos das águas ou na falta delas. Por isso marcas, algumas cicatrizadas, outras que se abrem ao se ressecar, e depois se fecham ao se reidratar. Outras que permanecem nas memórias e continuam imprimindo um modo de existir no controle da perda, que se justifica pelo desperdício daquilo que se teve pouco. Um ensaio que entrelaça intimidades ordinárias, comuns àqueles que enfrentam a escassez da água, reféns de descasos oriundos de políticas sórdidas. No entanto, a narrativa vai além da falta: abrange a vastidão das águas que transportaram, sustentaram e emolduraram nossos ancestrais, espelhando e espalhando sua presença em outros continentes.

As marcas d’águas que aqui são trazidas não têm interesse em proteger conteúdos confidenciais ou indicar presença nas redes ou identidade de um produto, como propõe a IA, essas marcas só pleiteiam a poética de evidenciar os cotidianos narrados à margem das águas, embora mergulhados nelas. 

(Leia o ensaio completo em PDF)

 

Recebido em: 15/05/2025

Aceito em: 15/05/2025

 

[1] Pós-Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação – Processos Formativos e Desigualdades Sociais da Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo/Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGEdu/FFP/UERJ), Bolsa FAPERJ nota 10. Email: ffpuerj.noaletoja@gmail.com 

Marcas d’água: narrativas cotidianas e criações curriculares

 

RESUMO: Este ensaio explora a importância da água na formação de singularidades e memórias coletivas através de experiências cotidianas e narrativas ancestrais. Contesta a noção da água como mero recurso, corporificando a ideia de entidade vital e sua profunda conexão com a cultura e a espiritualidade. As marcas d’água simbolizam as cicatrizes e os aprendizados deixados pela presença e ausência da água, modelando a vida cotidiana e as relações humanas, não humanas e mais que humanas. A narrativa destaca a escassez de água como um problema social e político, especialmente na Baixada Fluminense, e reflete sobre a relação entre a crise hídrica, o desmatamento, a privatização e os interesses econômicos. Através da arte e da performance, o ensaio também explora a água como um meio de reconectar com a ancestralidade e evidenciar as feridas coloniais, revelando histórias de mulheres pretas e seus conhecimentos ancestrais. Diante dessas narrativas, surge a questão: como essas relações engendram os currículos da vida? Para esta conversa trazemos Aline Motta, Nego Bispo, Ailton Krenak, Inês Barbosa Oliveira e Gilles Deleuze.

PALAVRAS-CHAVE: Águas. Currículos da vida. Mulheres pretas. 

 


Marcas de agua: narrativas cotidianas y creaciones curriculares

 

RESUMEN: Este ensayo explora la importancia del agua en la formación de singularidades y memorias colectivas a través de experiencias cotidianas y narrativas ancestrales. Cuestiona la noción del agua como mero recurso, incorporando la idea de entidad vital y su profunda conexión con la cultura y la espiritualidad. Las marcas de agua simbolizan las cicatrices y los aprendizajes dejados por la presencia y ausencia del agua, modelando la vida cotidiana y las relaciones humanas, no humanas y más que humanas. La narrativa destaca la escasez de agua como un problema social y político, especialmente en la Baixada Fluminense, y reflexiona sobre la relación entre la crisis hídrica, la deforestación, la privatización y los intereses económicos. A través del arte y la performance, el ensayo también explora el agua como un medio para reconectar con la ancestralidad y evidenciar las heridas coloniales, revelando historias de mujeres negras y sus conocimientos ancestrales. Ante estas narrativas, surge la pregunta: ¿cómo estas relaciones engendran los currículos de la vida? Para esta conversación traemos a Aline Motta, Nego Bispo, Ailton Krenak, Inês Barbosa Oliveira y Gilles Deleuze.

PALABRAS CLAVE: Aguas. Currículos de la vida. Mujeres negras.

 


LIMA, Noale Toja e Julia. Marcas d’água: narrativas cotidianas e criações curriculares [online], Campinas, ano 12, n. 28., jun. 2025. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/marcas-dagua/