LivrosVivos: palavras, imagens, plantas e gentes em criação | Alik Wunder, Lilly Baniwa, Vera Moura Tukano, Janilton Pinheiro Tukano, Mawanaia Waurá, Leandro Silveira Guarani e Naldo Yupurí Tukano


Alik Wunder[1]

Lilly Baniwa[2]

Vera Moura Tukano[3]

Janilton Pinheiro Tukano[4]

Mawanaia Waurá[5]

Leandro Silveira Guarani[6]

Naldo Yupurí Tukano[7]

Um livro como uma linha de vida que continua

“LivrosVivos: saberes indígenas, saberes vegetais” é um espaço-tempo de encontro e criação coletiva, em que cada uma.um conta, escreve, desenha, fotografa narrativas sobre as suas relações –  de seus povos e famílias –  com o mundo vegetal. Embaixo de árvores, nos jardins da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, desde 2019, realizamos encontros entre estudantes indígenas, pertencentes a diferentes povos, com participação de estudantes não indígenas de graduação, pós-graduação, pesquisadores.as e artistas convidados.as. Com o Vestibular Indígena, uma comunidade multiétnica se formou em nossa universidade. Neste ano de 2022, estudam por volta de 300 indígenas, pertencentes a mais de 45 diferentes povos, nos diversos cursos da universidade. São inúmeros os desafios e as potencialidades dessa política afirmativa recente. Além da inclusão acadêmica de jovens pertencentes a povos, que secularmente estiveram à margem do acesso à educação superior pública, há nessa política um convite às diferentes áreas a se aproximarem e estabelecerem diálogos horizontais e alianças com seus conhecimentos, suas artes, modos de ser e perceber e suas lutas por direitos. Um momento desafiante e também muito potente em que a universidade – majoritariamente “branca” e eurocêntrica –  olha para dentro, olha para fora, e vê o abismo construído entre as diversas áreas de conhecimento e os modos de ver e habitar o mundo dos povos originários. O projeto LivrosVivos busca criar, desde essa experiência universitária, uma possibilidade de encontro de saberes, de experiências de vida, de potências criativas alimentadas pelas poéticas ancestrais, experimentações teóricas e artísticas. É também um espaço-tempo de apoio mútuo em meio à saudade, a distância do rio, da família, da mata, da roça, da língua.

[1] Professora e pesquisadora da Faculdade de Educação da Unicamp ligada à Linha de Pesquisa Linguagem e Arte em Educação e ao grupo de Estudos Audiovisuais Olho. Coordena o projeto BAS LivrosVivos e integra-o ao projeto de pesquisa: “Encontros com poéticas indígenas: criações entre palavras e imagens”.

[2] Estudante de Artes Cênicas da Unicamp, pertencente ao povo Baniwa (Alto Rio Negro, AM)

[3] Estudante de História da Unicamp, pertencente ao povo Tukano (Alto Rio Negro, AM)

[4] Estudante de Licenciatura Física e Química, pertencente ao povo Tukano (Alto Rio Negro, AM)

[5] Estudante de Geografia, pertencente ao povo Waurá (Xingu, MT)

[6] Estudante de Pedagogia, pertencente ao povo Guarani Mbya (Vale do Ribeira, SP)

[7] Estudante de Linguística, pertencente ao povo Tukano (Alto Rio Negro, AM)

 

(Leia o ensaio completo em PDF).

 

Recebido em: 01/09/2022

Aceito em: 01/10/2022

 

 

LivrosVivos: palavras, imagens, plantas e gentes em criação

 

RESUMO: O artigo, escrito a muitas mãos, apresenta resultados do projeto de pesquisa e extensão “LivrosVivos: saberes indígenas, saberes vegetais” que se configura como um espaço-tempo de encontro e criação coletiva sobre as relações de diferentes povos indígenas com o mundo vegetal. Desde 2019 realizamos encontros entre estudantes indígenas, pertencentes a diferentes povos, com participação de estudantes não indígenas de graduação, pós-graduação, pesquisadores.as e artistas convidados.as na Faculdade de Educação da Unicamp. Com o Vestibular Indígena, uma comunidade multiétnica se formou em nossa universidade. Além da inclusão acadêmica de jovens pertencentes a povos, que secularmente estiveram à margem do acesso à educação superior pública, há nessa política um convite às diferentes áreas a se aproximarem e estabelecerem diálogos horizontais e alianças com seus conhecimentos, suas artes, modos de ser e perceber e suas lutas por direitos. O projeto vem no sentido de fazer circular outras lógicas de relação com o mundo, permeadas por cosmovisões, experiências de vida e conhecimentos ancestrais. 

PALAVRAS-CHAVE: Povos indígenas. Vegetais. Criações.


 

RESUMEN: El artículo, escrito por muchas manos, presenta los resultados del proyecto de investigación y extensión “LivrosVivos: saberes indígenas, saberes vegetales” que se configura como un espacio-tiempo de encuentro y creación colectiva sobre las relaciones de los diferentes pueblos indígenas con el mundo vegetal. Desde 2019, realizamos encuentros entre estudiantes indígenas, pertenecientes a diferentes pueblos, con la participación de estudiantes indígenas de pregrado y posgrado, investigadores y artistas invitados en la Facultad de Educación de la Unicamp. Con Vestibular Indígena se formó una comunidad multiétnica en nuestra universidad. Además de la inclusión académica de jóvenes pertenecientes a pueblos que por siglos han estado al margen del acceso a la educación superior pública, esta política invita a diferentes ámbitos a acercarse y establecer diálogos y alianzas horizontales con sus saberes, sus artes, formas de ser. y perciben y sus luchas por los derechos. El proyecto surge en el sentido de hacer circular otras lógicas de relación con el mundo, permeadas por cosmovisiones, experiencias de vida y saberes ancestrales.

PALABRAS CLAVE: Pueblos indígenas. Vegetales. Creaciones.


WUNDER, Alik et al. LivrosVivos: palavras, imagens, plantas e gentes em criação. ClimaCom – Políticas vegetais [online], Campinas, ano 9, n. 23., maio. 2022. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/livros-vivos/