Por | Flávio Gomes-Silva
Editora | Susana Dias
A leptospirose é uma doença tropical negligenciada (DTN) que apresenta dados preocupantes de mortalidade no Brasil. De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, de 2001 a 2020 foram reportados cerca de 71 mil casos e 6,8 mil óbitos pela doença, resultando em uma taxa de mortalidade de quase 10%. Comparativamente, para a dengue, também considerada uma DTN, foram registrados perto de 14 milhões de casos e 8 mil óbitos no mesmo período, conferindo uma taxa de mortalidade de apenas 0,05%.
Tal discrepância reverbera a ausência de políticas públicas de enfrentamento à leptospirose, revelando um nível de negligência que supera o de outras enfermidades. Populações vulneráveis são as mais afetadas pela doença, pois, como avalia Christovam Barcellos, geógrafo e coordenador do Observatório de Clima e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), “essa vulnerabilidade se caracteriza por áreas de risco de inundação, pobreza, sistema de saneamento precário e clima tropical (quente e úmido)”. Esse quadro tende a se agravar em cenários de mudanças climáticas, uma vez que o aumento da temperatura e das chuvas pode intensificar os desastres por inundação.
O agente causador da leptospirose é a bactéria do gênero Leptospira, que pode ser encontrada em diversos animais, principalmente mamíferos. Alguns chegam a adoecer, mas outros atuam apenas como reservatórios do patógeno, como é o caso dos roedores. No Brasil, a via de transmissão mais comum para o ser humano se dá pelo contato de pele ou mucosas com a urina de ratos infectados nas grandes cidades.
No material Leptospirose: diagnóstico e manejo clínico, do Ministério da Saúde, informa-se que as manifestações clínicas da doença são bastante variáveis, englobando formas assintomáticas, leves, moderadas e graves. Os infectados podem apresentar sintomas similares aos de outras doenças, como febre, cefaleia e dores musculares, particularmente nas panturrilhas. Formas graves podem exibir icterícia (amarelamento dos olhos e da pele), insuficiência renal e hemorragias, podendo evoluir para óbito.
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Aluno do curso de pós-graduação lato sensu em Jornalismo Científico, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor).