Infâncias e suas conexões com as naturezas rurais | Samara Facco
Título | Infâncias e suas conexões com as naturezas rurais
Na tentativa de se aproximar das tantas singularidades de infâncias em meio rural é que surgem essas narrativas fotográficas, que muito nos dizem sobre uma infância em devir, algo não acabado, junto aos seres com que se relacionam, onde produzem e são produzidas com os elementos da natureza que as cercam.
O que mais importa, como pedagoga, não é que as crianças realizem aquilo que se propõe nas atividades escolarizadas, mas na sua potência de ir além, movidas pelo que as atravessa, as provoca a compor algo com tudo aquilo que se apresenta.
Na relação mais íntima com as suas famílias, também se relacionam o tempo todo com os verbos que envolvem os saberes rurais: plantar, cultivar, colher, vivenciar um espaço vivo de animais e plantas, formatos, texturas, cores, e indo além de qualquer representação adulta sobre isso. Elas não estão preocupadas em representar algo pronto, mas sim a experimentar: quantas cores de tintas conseguem produzir com a natureza? O marrom do café, laranja do vermelhão, amarelo do urucum, verde da erva-mate, e também inventam com outros elementos disponíveis, água de repolho roxo ou pétalas de rosas.
Nessa relação aberta com todos os seres vivos e materiais, animais, plantas, mas também galhos secos, folhas caídas, é que elas experienciam acontecimentos sensíveis: olhar, sentir, ouvir, tatear, um cheirar atento capaz de tornar presença os seus corpos. Capacidades de serem luz, que aceitam convites de crianças grandes que também querem lembrar como é viver em um mundo cheio de possibilidades inventivas, algo muito distante de adultos produtivistas que somos. As crianças vivem em um eterno faz de conta, que significa muito mais do que imitar a nossa realidade: elas são tudo em vários instantes, cientistas, médicos, fazendeiros, professores, poetas, músicos, artistas plásticos…
A grande diferença do devir da criança é que o faz de conta nunca se encerra no produto final do acabado, tornam-se uma eterna relação com o inacabado, do relacionar-se com tudo aquilo que lhes é potente e as atravessa de formas diversas. Um devir de crianças rurais, de crianças vivas, de seres que se importam, ainda, com tudo aquilo que nós, forma adulta, esquecemos (ou nem aprendemos) a ser.
DERDYK, Edith. Papel em branco. In: In: GOBBI, Marcia Aparecida; PINAZZA, Mônica Appezzato. (Orgs.).Infância e suas linguagens. São Paulo: Cortez, 2014.
HERNANDEZ, Fernando. A cultura visual como um convite à deslocalização do olhar e ao reposicionamento do sujeito. In: MARTINS, R.; TOURINHO, I. (Org.). Educação da cultura visual: conceitos e contextos. 1. ed. Santa Maria: Editora da UFSM, 2011.
PINAZZA, Mônica Appezzato; GOBBI, Marcia Aparecida. Infâncias e suas linguagens: formação de professores, imaginação e fantasia. In: GOBBI, Marcia Aparecida; PINAZZA, Mônica Appezzato. (Orgs.).Infância e suas linguagens. São Paulo: Cortez, 2014.
Local | ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL AQUARELA / LOCALIZADA NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL PADRE JOÃO ZANELLA-RS-BR.
Professora | Samara Facco
Crianças participantes das atividades | Ana Luiza, Andrei, Cecília, Emilly, Gabriel, Giovana, Gabriel, Mateus, Mateus, Melissa, Rafaela, Sophia e Wesley.
(55)996871770
FACCO, Samara. Infâncias e suas conexões com as naturezas rurais. ClimaCom – Devir Criança [online], Campinas, ano 7, n. 18. Outubro. 2020. Available from:https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/infancia-conexoes-rurais/
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SEÇÃO ARTE | Ano 7, n. 18, 2020
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