Imediações aberrantes
TÍTULO: Imediações aberrantes
Poderíamos dizer que se tratou de uma proposta um tanto audaz, um tanto imprópria, um tanto indisciplinada, um tanto a contracorrente. Ou ainda, que foi a tentativa de inventar modos de estar juntos, de instaurar um comum que nos obriga a fazer de nossos campos de saber e conhecimento, de nossos papers e obras, de nossas práticas, sejam estas acadêmicas, artísticas ou informais, um árduo preparo que possa e até, talvez deva, ser esquecido na hora de estar efetivamente presente, pois nosso lugar de fala – sou doutor, estou fazendo pós-graduação, sou pesquisador, sou artista, sou sei lá o que – não podem ser nosso fundamento, mas sim o germe de um des-fundamento porvir. Saber, antes de tudo, para abrir um não saber, para abrir um movimento idiota, para deixar de ser o que se era, para perceber que avançar no pensamento não é uma questão de consciência de um sujeito, mas sim de um movimento coletivo e anônimo. De um anonimato que avança entre anomalias, de um não se reconhecer. Não pedimos apresentações-comunicações, não pedimos que sejam o que já são, o que um paper ou uma obra apresentam como resultado final, mas sim que estejam efetivamente presentes a composições porvir, fazendo deles – dos papers, das obras, do que for – material a ser devorado, a se tornar condição generativa e genética de vida e variação, de se-estar-fazendo. Fazer de tudo um experimento, uma experimentação que joga ao fundo do mar os a priori. Fazer de Imediações aberrantes um experimento, uma experimentação onde blocos de trabalho em composições impensadas e coletivas nos lembrem que o VII Seminário Conexões: Deleuze e Cosmopolíticas e Ecologias Radicais e Nova Terra e… não só pode ser um intercessor potente que nos ajude a complicar e problematizar o pensamento, mas também que nos ajude a fazer corpo entre comunidades de pensamentos díspares, onde percebamos que somos pouco mais que um espectro anônimo e anômalo, que se dizendo qualquer um, tenta dar tudo de si para continuar, para fazer com que o mundo continue. Imediações aberrantes não sabemos ao certo o que são, pois elas se dispõem como campos de criação coletiva para tempos que ainda não estão aqui mas intuímos. Não podemos dizer de antemão o que elas podem. O único que provisoriamente podemos declarar é que não são sessões de comunicações de um congresso no sentido tradicional, nem lugares onde mediadores articulam ou tencionam relações já esperáveis e esclarecedoras entre trabalhos, mas sim onde Imediadores arrastam uma coletividade ao acaso, à contingência, ao imprevisível de um encontro, de um estar juntos, de um comum, pouco mensurável ou identificável. Os mediadores que coordenaram cada grupo (10 grupos no total) tiveram a liberdade e convicção de fazer do lugar a ambiência o mais aberrante possível para que o conforto de uma sala habitual de conferências com orientações e cenografias, já muito claras e distintas, não se impusesse. Cada grupo, pode se reunir dentro ou fora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), num lugar aberto e/ou fechado, e fez desse “onde” algo que está se fazendo, e não um dado. Propondo ocupações não convencionais das salas de aula com um labirinto de fumaça, uma cena de crime, uma catástrofe; proliferando relações por espaços não usuais para os grupos de trabalho de um congresso como um cinema, um laboratório de genética, um teatro, um jardim; convidando outras pessoas e práticas para estar junto, como bordadeiras, dançarinos, cientistas e músicos. Imediações aberrantes não é um movimento de individualidades que se compõem, mas sim um movimento de matilha. Daí que não houve horários para apresentações individuais e sim um dia de trabalho coletivo que se desdobrou em passagens e variações as mais inesperadas. O estar junto de composições coletivas foi proposto das 9h às 17h no dia 28 de novembro de 2018, sendo que se almejou que o tempo-espaço do almoço também fosse um momento de compartilhamento.
VII SEMINÁRIO CONEXÕES: DELEUZE E COSMOPOLÍTICAS E ECOLOGIAS RADICAIS E NOVA TERRA E…
IMEDIAÇÕES ABERRANTES: 9h às 17h no dia 28 de novembro de 2018
COORDENAÇÃO GERAL: Susana Dias e Sebastian Wiedemann
COORDENADORES DE CADA GRUPO:
Imediações Grupo 1
Prof Dr. Wenceslao Machado de Oliveira Jr (FE-Unicamp), Profa. Dra. Isaltina Mello Gomes (UFP), Ana Carolina Costa (FE-Unicamp) e Lavínia Rangel (Programa de Iniciação Científica Júnior-Labjor-Unicamp)
Imediações Grupo 2
Profa. Dra. Davina Marques (IFSP), Profa. Dra. Alda Romaguera (Uniso) e Carlos Augusto Silva (UFPA)
Imediações Grupo 3
Prof. Dr. Leandro Belinaso Guimarães (UFSC), Dr. Gustavo Torrezan (Unicamp) e Ms. Glauco Roberto (Labjor-Unicamp)
Imediações Grupo 4
Profa. Dra. Maria dos Remédios de Brito (UFPA) e Ms. Marcus Novaes (FE-Unicamp)
Imediações Grupo 5
Prof. Dr. Silvio Gallo (FE-Unicamp) e Rafaele Paiva (FE-Unicamp)
Imediações Grupo 6
Prof. Dr. Gabriel Cid Garcia (UFRJ) e Dr. Renato Oliveira (Labjor-Unicamp)
Imediações Grupo 7
Dra. Érica Speglich (FE-Unicamp), Prof. Dr. Marko Monteiro (IG-Unicamp), Ms. Michele Gonçalves (UFSC) e Ms. Bruno Moraes (Labjor-Unicamp)
Imediações Grupo 8
Prof. Dr. Carlos Martins (Unesp), Profa. Dra. Carolina Cantarino Rodrigues (FCA-Unicamp), Profa. Dra. Sandra Murriello (Universidad Nacional de Río Negro-Bariloche-Argentina) e Ms. Sara Melo (FE-Unicamp)
Imediações Grupo 9
Profa. Dra. Susana Oliveira Dias (Labjor-Unicamp), Ms. Tatiana Plens (Labjor-Unicamp), Maria Rita Zamproni (Programa de Iniciação Científica Júnior-Labjor-Unicamp) e Bordadeiras do Grupo Entrefios e Memórias, coordenado por Marli Wunder e Neusa Aguiar
Imediações Grupo 10
Prof. Dr. Eduardo Pellejero (UFRN) e Dra. Vivian Marina (Labjor-Unicamp)
Colagens produzidas pelo coletivo multiTÃO
Ana Carolina Costa
Lavínia Rangel
Maria Rita Zamproni
Sara Melo
Renato Oliveira
Tatiana Oliveira
Sebastian Wiedemann
Susana Dias
DIAS, Susana; WIEDEMANN, Sebastian (Coord.). Imediações aberrantes. ClimaCom – Ecologias Radicais [online], Campinas , ano. 5, n. 11. Abr. 2018 . Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=8857
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