Floresta sensível

TÍTULO: Floresta sensível: da dignificação do papel como matéria viva

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E se… ao dizermos “papel” não separássemos dele as palavras, nem as fotografias, desenhos e pinturas, nem as linhas que costuram as páginas, nem as mãos que folheiam e rabiscam, nem a luz que cria uma dança sutil nas páginas, nem os insetos que nele transitam, nem os pensamentos que chegam e vagueiam pelas bordas? E se… ao ouvir “papel” fôssemos chamados a honrar as plantas como seres que preparam, sonham e protegem os livros, e com elas aprender a alegria de se relacionar com sol e fazer mundos (Emanuelle Coccia), ter a disponibilidade de sempre deitar folha e levantar vento, de entregar a beleza e o sonho das flores à devoração constante pela terra, onde secretamente se faz possível a subida da luz e da vida? E se… ao pensar “papel” percebêssemos as coisas, corpos, montanhas e mares por ele convocados como vivos, fôssemos possuídos pela visão de que os livros abertos são como ondas (Cildo Meirelles), ou nos tornássemos capazes de perceber a respiração das palavras como os Yoruba (Tobie Nathan e Lucien Hounkpatin)? E se… ao sentir “papel” um acontecimento cósmico (Isabelle Stengers) permitisse que toda interpretação, todo o julgamento e desqualificação fossem suspensos e se instalassem em nossos corpos práticas de doação infinita para fazê-lo existir como matéria viva? Talvez, assim, nos desmantelássemos e nos tornássemos fibra entre as fibras, palavra entre as palavras, passagem para as vozes do cosmos que buscam refúgio.

 

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Ficha técnica
Oficina Floresta sensível foi realizada no Núcleo de Estudos sobre Metodologia em Artes da Unesp em São Paulo
Concepção e coordenação | Susana Dias