Exu e a verdade cínica: parresía e educação entre poéticas e errâncias* | Rafael Araldi Vaz

* Este texto foi lido por Rafael Araldi na aula magna “Exu: arte, epistemologia e método, a lembrança de si mesmo”, organizada por Déa Trancoso e disponível em https://www.youtube.com/watch?v=8m-pgKLO8aM.

 

Mediante o uso de conchas adivinhas,

Orunmilá revelava aos homens as intenções do supremo deus Olorum 

e os significados do destino.

Orunmilá aplainava os caminhos para os humanos,

enquanto Exu os emboscava na estrada

e fazia incertas todas as coisas.

O caráter de Orunmilá era o destino, o de Exu, o acidente. 

Mesmo assim ficaram amigos íntimos.

(Prandi, 2001, p. 76)

Viagem das crianças, eis o sentido lato da palavra grega pedagogia. Aprender lança a errância. 

(Serres, 1993, p. 15)  

 

Introdução

O que Exu tem a ensinar à educação? Para alguns, a pergunta pode parecer estranha. Para outros, trata-se de uma questão ético-política central, particularmente quando se reconhece que o que está em jogo no processo de constituição dos saberes e da educação erigidos pelo mundo Ocidental é o reconhecimento do lugar dos saberes subalternos ante ao projeto colonial e quais epistemologias podem estruturar formas contracoloniais de educação, pensamento e vida [2]. Quais fundamentos, saberes e práticas são, portanto, capazes de alicerçar modos de produção de saber descentralizados da racionalidade instrumental erigida pelo Ocidente, enquanto invenção colonial, lugar de espólio e massacre, simbólico, epistêmico e material dos povos subalternizados.

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