Mediante o uso de conchas adivinhas,
Orunmilá revelava aos homens as intenções do supremo deus Olorum
e os significados do destino.
Orunmilá aplainava os caminhos para os humanos,
enquanto Exu os emboscava na estrada
e fazia incertas todas as coisas.
O caráter de Orunmilá era o destino, o de Exu, o acidente.
Mesmo assim ficaram amigos íntimos.
(Prandi, 2001, p. 76)
Viagem das crianças, eis o sentido lato da palavra grega pedagogia. Aprender lança a errância.
(Serres, 1993, p. 15)
Introdução
O que Exu tem a ensinar à educação? Para alguns, a pergunta pode parecer estranha. Para outros, trata-se de uma questão ético-política central, particularmente quando se reconhece que o que está em jogo no processo de constituição dos saberes e da educação erigidos pelo mundo Ocidental é o reconhecimento do lugar dos saberes subalternos ante ao projeto colonial e quais epistemologias podem estruturar formas contracoloniais de educação, pensamento e vida [2]. Quais fundamentos, saberes e práticas são, portanto, capazes de alicerçar modos de produção de saber descentralizados da racionalidade instrumental erigida pelo Ocidente, enquanto invenção colonial, lugar de espólio e massacre, simbólico, epistêmico e material dos povos subalternizados.
