Experimentações vegetais por entre caminhos perfor/rizo/máticos… | Marcos Allan da Silva Linhares
Marcos Allan da Silva Linhares[1]
Botânica. Plantas. Amor ou desamor? Angústia ou prazer? Nunca foi, para mim, o melhor conteúdo, nem enquanto aluno, nem enquanto professor. Diziam que era a ciência que estudava a vida das plantas, mas quais plantas? As plantas com flores ou os cactos? As. orquídeas ou as gramas? Da vida, pouco pude ter contato durante minha formação enquanto professor que iria ensinar essa ciência. A miríade ao qual me chegava estava voltada para classes, famílias, gêneros, espécies e indivíduos. Seus mecanismos de crescimento, reprodução, metabolismo, desenvolvimento… tudo menos (d)as plantas. Nunca tive amor pelas plantas. Nunca me ensinaram a amá-las. Das poucas que cultivei em minha casa, a maioria foram criadas para a morte ou terminaram seus dias como matos imprestáveis, na seca, com sede, porque afinal, “isso não é vida, menina, isso é mato! […]” (SILVA, 2018, p. 63). O “terror vegetal” logo me assombrava, era sufocante pensar em como ensinar tantos grupos, tantas características, tantos nomes para alunos que, como eu um dia, nunca viam as plantas enquanto modo de vida, enquanto presença viva no mundo.
[1] Mestre em educação em ciências e matemáticas (PPGECM/UFPA). Doutorando em educação (PPGED/UFU). Bolsista Capes. E-mail: marcos.linhares@ufu.br.
(Leia o ensaio completo em PDF).
Recebido em: 15/09/2022
Aceito em: 15/10/2022
Experimentações vegetais por entre caminhos perfor/rizo/máticos…
RESUMO: Botânica. Plantas. Amor ou desamor? Angústia ou prazer? Nunca foi, para mim, o melhor conteúdo. Diziam que era a ciência que estudava a vida das plantas, mas quais plantas? As plantas com flores ou os cactos? As orquídeas ou as gramas? O objetivo desse ensaio é partilhar meus movimentos de experimentação vegetal, olhando as plantas enquanto modos de estarmos vivos no mundo e com o mundo, borrando (pré)conceitos, ideias e modelos que um dia foram camisas de força para pensar as plantas por caminhos-outros ao longo da minha vida e formação. Minha escrita é de trajetos, pois foram eles que me instigaram a pensar as plantas com outros olhos. É uma escrita caminhante, que traça um caminho cartográfico que não segue regras acadêmicas, templates ou nenhum objetivo a priori, mas que se constrói ao longo do processo, que o acompanha, sempre em fuga, sem a pretensão de chegar a um fim. E como ser alegre acompanhando esse rastro? Aprendendo com as plantas ao invés de ensinar sobre elas. Deixando ser passagem para que elas nos ensinem suas vidas. Permitindo que elas se instaurem em nossos trajetos e com eles, nos façam experimentar outras formas de viver.
PALAVRAS-CHAVE: Experimentação. Plantas. Rizoma.
Vegetable experiments between ways perfor/rizo/matics…
ABSTRACT: Botany. Plants. Love or disaffection? Anguish or pleasure? It was never, for me, the best content. They said that it was the science that studied the life of plants, but which plants? The flowering plants or the cacti? Orchids or grasses? The objective of this essay is to share my movements of plant experimentation, looking at plants as ways of being alive in the world and with the world, blurring (pre)concepts, ideas and models that were once straitjackets to think about plants in ways- others throughout my life and training. My writing is about paths, because they were the ones who instigated me to think about plants with different eyes. It is a walking writing, which traces a cartographic path that does not follow academic rules, templates or any a priori objective, but that is built throughout the process, which accompanies it, always on the run, without the intention of reaching an end. And how to be happy following this trail? Learning from plants rather than teaching about them. Leaving it to be a passage for them to teach us their lives. Allowing them to establish themselves in our paths and with them, make us experience other ways of living.
KEYWORDS: Experimentation. Plants. Rhizome.
LINHARES, Marcos Allan. Experimentações vegetais por entre caminhos perfor/rizo/máticos. ClimaCom – Políticas vegetais [online], Campinas, ano 9, n. 23., dez. 2022. Available from:https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/experimentacoes-vegetais/