Uma epidemia sem fim: Zika no estado de Alagoas | Thais Valim


Thais Valim [1]

 

DINIZ, Débora. Zika em Alagoas: a urgência dos direitos. Brasília: LetrasLivres, 2017. 88 p. Disponível em: https://anis.org.br/wp-content/uploads/2017/06/Zika-em-Alagoas-a-urgencia-dos-direitos.pdf. Acesso em: 01/10/2020.

 

Em 2015, a população brasileira foi apresentada a um novo vírus transmitido por um velho conhecido: o vírus da zika (ZIKV), já identificado pela comunidade médica desde os anos 1950, passou a circular pelos trópicos brasileiros por meio do mosquito Aedes Aegypt, sendo também sexualmente transmissível. A disseminação, além de infectar milhares de pessoas, infectou também fetos de mulheres durante a gestação. A transmissão vertical, como é cunhada pela epidemiologia, afetou mais de 3.000 bebês, que nasceram com uma gama de sintomas variados – como a microcefalia, quadros convulsivos, alterações cardíacas e oftalmológicas –, levando especialistas a caracterizarem o quadro enquanto uma síndrome, denominada Síndrome Congênita do Vírus da Zika (SCVZ).

Em fevereiro de 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que as consequências reprodutivas da contaminação pelo ZIKV configuravam uma emergência em saúde de importância internacional, tornando o Brasil foco da atenção global. Com isso, inúmeras matérias, reportagens e notícias sobre a epidemia no país passaram a ser veiculadas no exterior. Nacionalmente, a mídia também cobria a epidemia de forma intensa, e os estados de Pernambuco, Bahia e Paraíba passaram a estampar os jornais diariamente devido à alta concentração de casos notificados nessas regiões.

As notícias ilustravam crianças de cabeça pequenina no colo de suas mães, ajudando a visualizar o perfil das famílias mais afetadas pela crise sanitária: eram imagens de mulheres e crianças negras, moradoras de bairros periféricos, com parco acesso à tecnologia, informação, saneamento básico. Como em outras epidemias, a do Zika parecia também se deslocar em contiguidade com a desigualdade.

Havia, contudo, uma peça do quadro epidemiológico do país que inquietava a pesquisadora Débora Diniz e sua equipe: a ausência do estado do Alagoas nas notícias, reportagens e menções oficiais com relação a epidemia. Enquanto ao lado, nos estados vizinhos, era possível observar políticas sendo delineadas, centros de referência para crianças com deficiência sendo prometidos e grande efervescência de câmeras e microfones da mídia acompanhando algumas dessas mulheres e crianças, Alagoas parecia à margem de toda essa movimentação. O estado era visto por técnicos do Ministério da Saúde como um paradoxo devido a brandura da epidemia em relação aos estados vizinhos (leia a resenha completa em pdf).

 

Recebido em 20/10/2020

Aceito em 01/12/2020

 

[1] Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail: thaismvalim@gmail.com

Uma epidemia sem fim: Zika no estado de Alagoas

 

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DINIZ, Débora. Zika em Alagoas: a urgência dos direitos. Brasília: LetrasLivres, 2017. 88 p. Disponível em: https://anis.org.br/wp-content/uploads/2017/06/Zika-em-Alagoas-a-urgencia-dos-direitos.pdf. Acesso em: 01/10/2020.

 

 

VALIM, Thais. Uma epidemia sem fim: Zika no estado de Alagoas. ClimaCom – Epidemiologias [online], Campinas, ano.7, n.19, Dez.  2020. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/epidemia-zika-alagoas/ ‎