Há risco e catástrofe. Há uma impermanência, uma porosidade que avizinha cidades e florestas; falas e seres-coisas sonoros em pregnâncias impensadas. Um violento grito sai da letra muda: o que podem as imagens diante da floresta que desaparece? “Devoções e devorações infinitas…”. Uma ânsia de destruição bastante distinta. De-compor é sempre recombinar a matéria de expressão. Proposta que chove nos limites deste vídeo, em que um encontro/entrevista com o filósofo e sociólogo Bruno Latour é canibalizado por uma floresta de sensações sonoras e visuais. Se não há como escapar das imagens, se somos imagens entre imagens, elas precisam escapar a nós. Fugir ao olho e ouvido demasiado humanos que as aprisionam. Devastar os clichês que cultivam sentidos enraizados. Cultivar, compor, sem raiz, sem homogeneizar, apenas um brotar, disponibilizar. Na disjunção entre imagens e sons, inventar uma zona crítica como emergência e nascença, onde cidades e florestas são gradientes de um emaranhado cosmopolítico em infindável variação. Na relação entre imagens-seres-coisas, inventar um intervalo ficcional, uma fenda-ruína que traz uma lembrança de um futuro-floresta. Ali onde as imagens são arrebentações de forças, multiplicação de sentidos… Ali onde a floresta torna-se pura potência de vida, de conexão entre-reinos, florestas de povos, povos de florestas, corpos-chão-da-floresta. Há risco e catástrofe. Há rio e riso. Há entre-reinos, como um envelopar sem aprisionar, como um partilhar diferencial.
Este vídeo, com legenda em português e inglês, integra a Série EntreVidas – experimentações do grupo multiTÃO
Série de entrevistas em que o grupo multiTÃO experimenta o gesto de dar imagens, sons e sensações aos dizeres de cientistas das mais diversas áreas. Gesto que pensamos pela invenção de bons encontros entre artes e ciências, entre procedimentos, materiais e forças distintas. Encontros que levem os artefatos de divulgação científica a inventar escapes desde dentro das gramáticas dominantes. Desejos de afirmar a divulgação pela proliferação de conexões entre heterogêneos, invenção de novos campos sensíveis, busca intensa por novos funcionamentos de imagens, palavras e sons, disponibilidade para disjunções inclusivas, abertura de espaçamentos criativos e exposição aos descontroles do tempo, aos jogos não dados.
Ficha Técnica:
Entrevistado
Bruno Latour
Direção e Roteiro
Sebastian Wiedemann
Susana Dias
Perguntas da Entrevista
Carolina Rodrigues
Marta Kanashiro
Susana Dias
Entrevista
Tainá de Luccas
Daniela Klebis
Captação
Tainá de Luccas
Sebastian Wiedemann
Susana Dias
Montagem
Sebastian Wiedemann
Trilha Sonora
João Arruda
Textos
Sebastian Wiedmann
Susana Dias
Projeto
Mudanças climáticas em experimentos interativos: comunicação e cultura científica (CNPq – 458257/2013-3)