Contravisualidades fabulativas sobre o rio Paraná | Otávio Ítalo Matos Uzumaki


 

Otávio Ítalo Matos Uzumaki[1]

 

 

“A montagem seria para as formas o que a política é aos atos: é preciso que estejam juntas as duas significações da desmontagem que são o excesso das energias e a estratégia dos lugares, a loucura de transgressão e a sabedoria de posição” (Didi-Huberman, 2016, p. 2).

 

Caminhos e derivas

Este ensaio propõe um experimento narrativo-visual, construído a partir das cartografias do rio Paraná, explorado como um território rizomático onde significados e reminiscências se entrelaçam. O rio é aqui concebido, simultaneamente, como agente e produto de confluências históricas e de sujeitos, manifestando-se por meio de suas representações.

Como toda narrativa é composta pelas experiências de quem escreve, permito-me inserir neste texto, que germina como uma tentativa de produzir um conhecimento situado, no qual meus afetos, derivas e devaneios ganham forma por meio do processo artístico. O rio que me atravessa não é apenas uma geografia afetiva, mas também um enraizamento familiar e existencial, que carrego na herança de ser neto de um Barrageiro — termo que remonta à classe operária que ergueu as Usinas Hidrelétricas (UHE) ao longo de seu leito e povoou suas margens.

Enquanto biólogo, dediquei-me a investigá-lo, compreendendo sua paisagem ecológica, sua composição, suas relações interespecíficas e as influências do represamento e da instalação das UHE. Essa investigação me levou a um deslocamento epistemológico, buscando compreender como os sentidos que produzimos a partir do rio determinam nossas relações, práticas e percepção sobre os mesmos.

(Leia o ensaio completo em PDF)

 

Recebido em: 15/05/2025

Aceito em: 15/05/2025

 

[1] Mestrando no programa de Pós Graduação em Comunicação, FAAC – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – Campus de Bauru – Unesp . Email: otavio.uzumaki@unesp.br

Contravisualidades fabulativas sobre o rio Paraná

 

RESUMO: Este ensaio é um gesto de remontagem do rio Paraná, onde imagens, memórias e fluxos se entrelaçam em um território rizomático. A partir de um arquivo de vestígios — fotografias, cartografias e relatos — percorro as marcas da instrumentalização do rio, que, de paisagem temida, se tornou eixo do progresso e do capital. Entre ausências e silenciamentos, a montagem surge como uma estratégia de contravisualidade, desestabilizando dicotomias e reinscrevendo novas percepções por meio de experimentação poético-artística, materializada na produção de imagens críticas através da montagem e das videoarte “Rizoma” e “Paranauê”. O rio, em sua potência de diferir de si mesmo, escapa às capturas, permanece um devir — ressoa em seus vestígios e transborda em fabulações.

 

PALAVRAS-CHAVE: Rio Paraná. Montagem. Vídeo-arte.

 


Contravisualidades fabulativas

 

RESUMEN: Este ensayo es un gesto de remontaje del río Paraná, donde imágenes, memorias y flujos se entrelazan en un territorio rizomático. A partir de un archivo de vestigios — fotografías, cartografías y relatos — recorro las marcas de la instrumentalización del río, que, de paisaje temido, se convirtió en eje del progreso y del capital. Entre ausencias y silencios, el montaje surge como una estrategia de contravisualidad, desestabilizando dicotomías y reinscribiendo nuevas percepciones mediante la experimentación poético-artística, materializada en la producción de imágenes críticas a través del montaje y de las videoartes “Rizoma” y “Paranauê”. El río, en su potencia de diferir de sí mismo, escapa a las capturas, permanece un devenir — resuena en sus vestigios y desborda en fabulaciones.

PALABRAS CLAVE: Río Paraná. Montaje. Videoarte.

 


UZUMAKI, Otávio Ítalo Matos. Contravisualidades fabulativas sobre o rio Paraná[online], Campinas, ano 12, n. 28., jun. 2025. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/contravisualidades-fabulativas/