Desenvolver ações de pesquisa e transferência de tecnologia para enfrentar os novos cenários agrícolas gerados pela intensificação das alterações climáticas é o principal desafio da sub-rede de Agricultura da Rede Clima.
Em adaptação, o trabalho se volta para a simulação de cenários agrícolas futuros, contando com as diferentes previsões de variações climáticas que constam nos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). “Observamos como ficariam as diferentes culturas agrícolas do país, sem melhoramento genético, em cenários com diferentes aumentos de temperatura e concentrações de CO2 na atmosfera nos próximos anos”, conta Renato Rodrigues, pesquisador da Embrapa Solos – CNPS, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e um dos coordenadores da sub-rede. Além disso, os pesquisadores trabalham com diferentes tecnologias que servem como ferramentas de adaptação, como sistemas de integração entre lavoura, pecuária, florestas e sistemas agroflorestais – que têm a capacidade de reduzir a temperatura e gerar microclimas mais adequados a cenários agrícolas futuros.
Já no que diz respeito à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, a pesquisa objetiva a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) por meio do monitoramento e desenvolvimento de métodos para medir tais emissões – tanto do solo para a atmosfera quanto as produzidas por fermentação entérica em animais.
Outra atividade da sub-rede de Agricultura é a elaboração do inventário nacional de emissões de gases de efeito estufa, que é parte de um documento mais abrangente, a Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).
Um dos pontos importantes da atuação da equipe também está em envolver o Semiárido mais amplamente nas pesquisas e fortalecer a atuação da Rede Clima na região Nordeste do país, conta Stoécio Maia, pesquisador do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), também coordenador da sub-rede. Ele diz que o foco das pesquisas está em avaliar diferentes sistemas de medição de emissões de gases do efeito estufa e em saber qual o efeito dos usos da terra sobre essas emissões, bem como avaliar qual é a vulnerabilidade do carbono contido no solo ao aquecimento global, conta Maia.
A sub-rede, ainda, investe em outra iniciativa: o monitoramento das reduções das emissões provenientes de ações dentro do Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), elaborado pelo Ministério da Agricultura. Rodrigues conta que os pesquisadores estão trabalhando em um laboratório multi-institucional de monitoramento do Plano ABC, e a Rede Clima é dos atores que participam na elaboração da metodologia de pesquisa, “com o desafio de trazer mais ações para o Nordeste e o Centro-Oeste”, ressalta Maia.
[Esta matéria integra a série dedicada às pesquisas desenvolvidas pelas sub-redes da Rede Clima]