Camadas (im)pulso

TÍTULO: Camadas (im)pulso


A composição “Camadas (im)pulso” é o resultado de um encontro entre pesquisadores de diferentes áreas (Educação, Arquitetura, Música, Filosofia, Antropologia…) em uma proposta das Imediações Aberrantes, durante o VII Seminário Conexões: Deleuze e Cosmopolíticas e Ecologias Radicais e Nova Terra e…, realizado na Unicamp em novembro de 2017.

Essa composição é o resultado de um triplo processo: 1- imersão dos pesquisadores em meio sonoro em que, através do uso de instrumentos não tradicionais, buscassem criar uma atmosfera musical, 2- apresentação das propostas dos pesquisadores enviadas para o seminário e a tentativa de se compor sonoramente algo comum entre elas; 3- edição das gravações sonoras e composição do som Camadas (im)pulso.

Partiu-se do princípio de que, para se alcançar a música, era necessário criar um pulso, uma Nova Terra que surgisse em meio ao caos. A busca por um pulso atrelou-se à vontade de criar um movimento e, assim, compor um diálogo. Trata-se, no entanto, de um diálogo pré-estrutural, que acontece em conjunto ou, simplesmente, não acontece. Dentro dessa experimentação, criou-se momentos de perguntas e respostas, ora ouvidas ora silenciadas, abafadas, sobrepostas.

Desse encontro de ruídos, barulhos e silêncios que incorporaram possíveis diálogos, constituíram-se vários tipos de camadas, que poderiam ou não flertar com a linguagem musical estruturada. Camadas de sons que oscilavam entre forte e fraco, entre o liso e estriado.

Ressalta-se que ao não se dar um privilégio exclusivo à música ou à arte já estruturada, ou à “verdade” da música, apostou-se no sentir, no afeto entre um som e outro e a potência de fragmentos se metamorfosearem em música.

Convidado para essa sessão do Conexões, o maestro Jairo Perin buscou amalgamar esses diferentes sons e possibilitar a construção de um comum que pulsasse e circulasse entre os componentes sonoros que eram tocados pelos participantes. De modo que os diferentes estímulos fossem recebidos e passassem de um lugar a outro, pulando de ideia em ideia, oscilando gradualmente entre níveis de ritmos e melodias.

Assim, o movimento musical constituiu-se em uma transversal que incorporou aspectos minimalistas dos sons produzidos pelos participantes nessa busca constante por um pulso.

A escolha de instrumentos não formais e feitos de objetos cotidianos (tubos de pvc, tampinhas de garrafa, metais…) propiciaram tanto uma atmosfera mais intimista, já que pouco participantes tinham um alto nível de especialidade musical, como estabeleceram uma relação mais primitiva, como pode ser evidenciado na relação de batimentos 3/2, característica comum a antigos povos africanos, latino-americanos, asiáticos… Essa característica de um som mais primitivo foi trabalhada com sequências minimais em camadas: por timbres, harmonias, groves…

Philip Glass[1], ícone do minimalismo, conta-nos que sua inspiração para a música vem das associações feitas com outros elementos, como: movimento, texto, imagem e música. Isso significaria que a inspiração para a música não vem da própria linguagem musical, mas de algo externo a música.

Esse encontro durante o VII Conexões foi pensado de maneira similar a proposta de Glass, buscou pensar musicalmente os textos, imagens, sons e performances das propostas dos pesquisadores. Alguns conseguiram incorporar suas propostas na primeira parte do encontro, gerando uma primeira gravação de áudio; outros necessitaram apresentá-las em uma segunda parte, em que, a partir do encontro entre palavras, sons, imagens e vídeos, as propostas metamorfosearam-se em fragmentos, dando origem a uma segunda gravação de áudio.

O áudio Camadas (im)pulso é um composto entre camadas de fragmentos dos dois áudios gravados durante o encontro, resultando em um trabalho bastante experimental e que, talvez, privilegie mais um processo educativo artístico afastado de um saber pronto, do que um trabalho artístico que prima por peculiaridades de uma verdade sobre a arte.

[1] Canal Fronteiras do Pensamento: (https://www.youtube.com/watch?v=kORX7MCq8eQ, acesso 12/02/2018)


 

Proposta: O que pode um experimento sonoro coletivo? O que podem ruídos coletivos? Como habitar os espaços extensivos e intensivos? Que sons nos atravessam? Como compor paisagens sonoras que possam gerar conhecimentos de um habitat? O que pode a criação de sons …? O que eles dizem e solicitam e silenciam?

 


 

Texto e proposta:

Maria dos Remédios de Brito (UFPA)

Marcus Novaes (Unicamp)

Jairo Perin Silveira (maestro convidado)

 

Concepção da trilha sonora:

Marcus Pereira Novaes

Jairo Perin Silveira

Maria dos Remédios de Brito

Amilton Pelegrino de Mattos

Daniela Franco Carvalho

Marcos Ribeiro de Santana

Juciara Guimarães Carvalho

Marcos Vinícius Amaral Ribeiro

Maria Fernanda Novo

Maria Paula Pinto dos Santos Belcavello

Rosemari Formento Bonickoski

Diana Sueli Vasselai Simão

Gicele Maria Cervi

Lídia Lobato Leal

 


As Imediações Aberrantes foram pensadas como um forma de se produzir um comum, inventar modos de estar junto entre as propostas de trabalhos enviadas para o VII Seminário Conexões: Deleuze e Cosmopolíticas e Ecologias Radicais e Nova Terra e… Buscou-se fazer dos papers, obras, projetos etc. material a ser devorado, a se tornar condição generativa e genética de vida e variação, de se-estar-fazendo. Assim, durante um período de oito horas, pesquisadores de diversas áreas, que enviaram trabalhos a serem apresentados no seminário e aceitaram o convite, participaram de uma proposta onde os Imediadores em dez diferentes grupos arrastaram uma coletividade ao acaso, à contingência, ao imprevisível de um encontro, de um estar juntos, de um comum, pouco mensurável ou identificável. Este resumo diz desse trabalho, onde os imediadores responsáveis do grupo foram: Maria dos Remédios de Brito (UFPA) e Marcus Novaes (Unicamp), além do maestro convidado Jairo Perin Silveira.

VII SEMINÁRIO CONEXÕES: DELEUZE E COSMOPOLÍTICAS E ECOLOGIAS RADICAIS E NOVA TERRA E…: 27 a 29|11|2018 na Universidade Estadual de Campinas

IMEDIAÇÕES ABERRANTES: 9h às 17h no dia 28|11|2018

COORDENAÇÃO GERAL: Susana Dias e Sebastian Wiedemann

PROMOÇÃO: Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo e Faculdade de Educação da Unicamp; grupos de pesquisa multiTÃO e Humor Aquoso

MAIS INFORMAÇÕES E OUTROS GRUPOS

 

 

NOVAES, Marcus; REMÉDIOS, Maria dos; SILVEIRA, Jairo Perin. Camadas (im)pulso – Imediações Aberrantes. ClimaCom – Ecologias Radicais [online], Campinas , ano.  5, n. 11. Abr. 2018 . Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=8843


 

SEÇÃO LABORATÓRIO-ATELIÊ |ECOLOGIAS RADICAIS |Ano 5, n. 11, 2018

ARQUIVO LABORATÓRIO-ATELIÊ |TODAS EDIÇÕES ANTERIORES