Alda Abreu | “Visões da Terra” e “Androgyne – Sagração do Fogo”
Título: “Visões da Terra” e “Androgyne – Sagração do Fogo”
“Visões da Terra”
Resumo: Imersão ecopoética que aborda o delírio a partir da tensão entre os modos de percepção do corpo, suas tecnologias contemporâneas, e a atemporalidade da Terra e seus rituais. Visões da Terra é, antes de tudo, um ato políticoperformativo da pesquisadora Alda Maria Abreu, que, em parceria com os artistas multimídia Lea Taragona e Victor Negri, questiona as verdades antropocêntricas, os limites da vida utilitária e funcional – vida domada pelo tempo cronológico – e convoca as múltiplas ondulações do tempo do sonho e do transe na germinação ecopoética das imagens. O vídeo evoca uma certa imagem para o poder encantatório dos delírios da Terra, suas plantas-poderescuras-medicinas colocadas em movimento. Loopings ancestrais e visualidades sincrônicas, time-lapses e imagens-vertigem compõem o roteiro deste vídeo que se quer enquanto corpo vegetal-sonoro-mineral-molecular-virtual-e-cósmico, corpo multimídia, corpo caverna anti-platônica, capaz de fazer ver a totalidade erótica do tempo. Para além da imagem como regime de verdade, Visões da Terra propõe uma experiência filosófico-sonoro-visual de caráter imersivo. Abre uma clareira no tempo, devolve o saber do corpo para dentro da terra e planta de cabeça para baixo, dentro de nós, uma semente de labirinto. Imagens-assobios para Cronos delirar, para caírem relógios, termômetros, balanças, calendários, mapas, meios, inícios e fins dissolvidos em um Eu entreaberto, uma dança-pensamento em vias de nascer. Visões de nascimento. Campos Gravitacionais. A atração entre os corpos não é senão a imagem-movimento de uma Verdade sem regime. O entre das coisas, aquilo que ainda está por nascer, mas já é prenhe de movimento, do mover-se da vida-pulso imperceptível, mover-se que é Eros, quando George Bataillle reconecta-o ao Sagrado, o mover-se de tudo o que existe, tudo o que continua. O corpo continua, a nuvem continua, as células, microrganismos, ideias, raízes, territórios, leis, revoluções continuam. O desejo quântico de espaçostempo de criação-gestação onde deuses sem Deus não cessem de brotar… e onde as “armas de jorge” estejam de tal modo afiadas e (trans)lúcidas que a revolução acontecerá primeiro aqui, em nossas gaiolas, em nossos modos de pensar e ver, nesse suposto dentro de nós, urgente: expandir-fundirmos-nos, fazermos corpo com…
FICHA TÉCNICA
Concepção, Roteiro, Textos e Performance | Alda Maria Abreu
Composição audiovisual e Edição | Victor Negri
Composição musical | Lea Taragona
Produção | Alda Maria Abreu
2017 – São Paulo – Brasil
“Androgyne – Sagração do Fogo”
RESUMO: Vídeo-dança resultado da compilação da produção audiovisual que compõe a performance Androgyne – Sagração do Fogo, concebida, encenada e produzida pela artista/pesquisadora Alda Maria Abreu junto à Taanteatro Companhia. Este vídeo, ato herético, ato político-poético, é também uma travessia iniciática, um espaço-tempo singural no qual as problematizações da pesquisadora sobre a origem da vida, do corpo e do mundo constantemente se renovam. Tendo em vista expandir o debate sobre sexualidade para além das já tão conhecidas “questões de gênero”, o vídeo expressa uma dança-pensamento que transborda fronteiras de gênero e linguagem e convoca o insondável enigma de viver para além dos limites da própria identidade. Subverte o significado clássico da androginia – unidade e perfeição espiritual – despolariza o pensamento e apresenta imagens como manifestações éticas da ecologia no corpo. Corpo testemunha de experiências extra-dogmáticas do Sagrado, corpolama-ventre da terra que se abre na perspectiva da dança como meio de reflexão cosmopolítica e como modo de interação entre a carne, o pensamento, o fogo e suas línguas. Em Anrogyne a composição das imagens se deu através de dípticos e trípticos, que consistem na criação de uma paisagem visual composta por duas ou três telas/vídeos distintos. As imagens de estúdio, tingidas de uma atmosfera onírica e surreal, colocam em xeque contemporâneas Inquisições de Gênero e seus mais recentes processos de neo-higienização identitária. Planos, cortes, contorções, choques e uma nudez que só se vê nos inconscientes movimentos da energia mutante. Cabeça, tronco e membros arregalados, num redemoinho que faz a pequena figura humana se ampliar no esplendor das sombras e dobras da exuberância erótica de um ambiente natural nada idílico, uma natureza que expõe seu ventre, seus olhos de medusa e seus cabelos de uma antiguidade atualíssima celebrando novos medos e perplexidades. Composta por cenas em meio à natureza, a primeira parte de Androgyne – Sagração do Fogo revela a dimensão ecopoética de uma dança-modo de (r)existência. Dança que é espaço-tempo anárquico, sagrado, mas que nada tem a ver com codificações ou fundamentos. Dança de afundamentos, movimentos verticais e radicais de profundidade, crueldade, mergulho artaudiano, ético e gnosiológico na experimentação de um corpo que seja útero de si, posto que está prenhe de ovo cósmico. Por fim, a segunda e terceira partes do vídeo convidamnos a dançar nosso próprio nascimento, porém às avessas, para coreografar na matéria vida novos modos de existir, em justa e fina conexão com as forças que geram e regem o universo. Forças andróginas e cosmopolíticas.
FICHA TÉCNICA
Concepção, Roteiro, Textos e Performance | Alda Maria Abreu
Direção de vídeo | Gabriel Bogossian
Direção de Fotografia e Edição | Paulo Bueno
Trilha Sonora | Gustavo Lemos
Supervisão de Roteiro e Performance | Maura Baiocchi
Produção | Alda Maria Abreu
2015 – São Paulo – Brasil
AUTOR
Alda Maria Abreu
Alda Maria Abreu, dançarina/performer, pesquisadora, produtora, arte educadora, doutoranda do Núcleo de Subjetividade do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da PUC/SP. E-mail: aldamariaabreu@gmail.com
“Visões da Terra”
“Androgyne – Sagração do Fogo”
ABREU, Alda Maria. “Visões da Terra” e “Androgyne – Sagração do Fogo”. ClimaCom [online], Campinas , ano. 4, n. 10. Nov. 2017 . Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/?p=7925
SEÇÃO ARTE |COSMOPOLÍTICAS DA IMAGEM |Ano 4, n. 10, 2017
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