Maré.02
Título: Maré.02
Resumo:
– perceber o movimento permanente, as forças que nascem profundas, os ciclos da natureza, o poder do silêncio, aquilo que vivifica, a vida das águas, força e brandura, o murmúrio, chegar e partir, a escuta do que pulsa –
A necessidade de se trabalhar na construção de referências simbólicas, significativas, que requalifiquem a relação que o homem tem com a própria existência e com aquilo que considera natureza, favorecendo um estado de percepção mais fina, parece ser de suma importância em tempos de fragmentação, coisificação e perda de sentido de si e do outro. O papel que a obra de arte pode assumir na preparação das novas gerações, criando esse espaço para experiências significativas, religadoras, pode vir a produzir uma impregnação sutil, mas perene, em nosso contexto sociocultural, transformando-o.
A primeira proposta relacionada à maré começou em uma residência artística realizada por Ernesto Bonato no Instituto de Artes da Unicamp, entre agosto de 2011 e julho de 2012. A principal atividade foi a elaboração de uma grande xilogravura sobre a imagem da água, executada pelo artista, com a participação de estudantes. Parte do resultado dessa experiência foi exibido na Galeria do Instituto de Arte da Unicamp e na Estação Pinacoteca de São Paulo, em 2012. Após o encerramento da residência o projeto foi ampliado, visando a interação de diferentes linguagens artísticas e criadores, mantendo ainda o compromisso com a formação de estudantes de artes. A resultante foi o projeto maré.02, uma instalação constituída por várias xilogravuras de grandes dimensões, matrizes de madeira, cartazes, projeção de vídeo e música, composta para a instalação pelo Âmago Trio, além de ações educativas e intervenções urbanas em parceria com o Xilomóvel Ateliê Itinerante e 03 espaços institucionais de Campinas (Macc, Estação Cultura, Instituto de Artes da Unicamp).
O projeto maré.02 aborda a impermanência dos grandes ciclos da natureza através da imagem xilogravada da água, transformada por diferentes impressões e videoprojeções. Buscamos despertar os sentidos para os processos internos da natureza que interferem e sofrem interferência do homem e para o Tempo que se manifesta nesses processos. Além do claro viés ambiental e existencial, o projeto busca ampliar a apreciação e reflexão sobre a Gravura Contemporânea, revelando seu aspecto mutante, a partir de elementos como escala, difusão, diálogo entre tecnologias modernas e tradicionais, ocupação de espaço, relação entre fotografia e gravura, memória. O projeto ainda explora as possibilidades de interação entre música, vídeo e imagem impressa e experimenta as possibilidades de interferência mútua visitante-obra. Para isso, gerou pesquisa multidisciplinar e criação de obras musicais, de vídeo, gravura e sistema de interfaces a partir da colaboração de músicos, artistas e estudantes. O projeto também discute as possibilidades de circulação e fruição da obra de arte em diferentes contextos e formatos, a partir de um conjunto de ações que aproximam diferentes equipamentos de cultura.
O conjunto de realizações denominado maré.02 ocorreu entre abril e maio de 2016 e recebeu apoio do Programa de incentivo à Cultura do Estado de São Paulo (Proac) e da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
Autor: Ernesto Bonato
Trabalha com desenho, gravura, fotografia, pintura, instalação e intervenção urbana e teve trabalhos expostos em mais de 190 exposições individuais e coletivas no Brasil e em 28 países. Graduado e mestre pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Participou da criação do serviço educativo do Museu de Arte de São Paulo (Masp) em 1997. Ensinou gravura em metal na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e desenho e gravura no Centro Universitário Senac até 2007, onde projetou o primeiro ateliê de gravura não-tóxica do país. Membro fundador e coordenador do Atelier Piratininga, em São Paulo, de 1993 à 2013. Prêmio Unesco no 14o. Salão Nacional. Participou da criação de vários projetos coletivos. Organizou e participou de diversos intercâmbios, simpósios e palestras sobre arte. Curador de exposições no Brasil e exterior. Coordenou o livro Lugar, tempo, olhar: arte brasileira na França Românica. Artista convidado para o Programa de artista residente na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2011, quando teve início o projeto Maré, com a participação de estudantes do curso de artes visuais. Mora e trabalha na cidade de Campinas, desde 2011.
E-mail: bonato.ernesto@gmail.com
Site: http://projetomare.wixsite.com/mare
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Ficha técnica imagens:
01 Ernesto Bonato. Detalhe de matriz da obra maré. Xilogravura, 94 x 194 cm, 2011-2015. Foto: Ernesto Bonato
02 Ernesto Bonato. Linha d’água (maré.02). Fotografia digital, 45 x 60 cm, 2015.
03 Ernesto Bonato. Detalhe de impressão da obra maré. Xilogravura, 94 x 194 cm, 2011-2015. Foto: Ernesto Bonato
04 Ernesto Bonato. Detalhe da obra maré. Xilogravura, 94 x 194 cm, 2011-2015. Foto: Ernesto Bonato
05 Ernesto Bonato. Maré.02. Projeção digital sobre xilogravura, 282 x 388 cm, 2015. Foto: Ernesto Bonato e Vinícius Cruz
06 Ernesto Bonato. Maré (módulo 05). Xilogravura, 94 x 194 cm, 2011-2015. Foto: Sergio Guerini
07 Ernesto Bonato. Maré (módulo 06). Xilogravura, 94 x 194 cm, 2011-2015. Foto: Sergio Guerini
08 Ernesto Bonato. Maré.02. Xilogravura, 282 x 388 cm, 2015. Foto: Sergio Guerini
09 Ernesto Bonato. Maré.02. Vista da instalação no MAC de Campinas, em 2016. Foto: Vinícius Cruz
10 Ernesto Bonato. Maré.02 (tríptico). Xilogravura montada em acrílico, 94 x 582 cm, 2015-2016. Foto: Sergio Guerini
11 Ernesto Bonato. Maré.02. Xilogravura impressa em tecido, 282 x 388 cm, 2016. Foto: Ernesto Bonato
12 Ernesto Bonato. Esfera. Xilogravura, 60 x 60 cm, 2014. Foto: Sergio Guerini
13 Ernesto Bonato. Maré.02. Xilogravura impressa em tecido em cena de dança, 2016. Foto: Vinícius Cruz
14 Ernesto Bonato. Maré.02. Vista da instalação no MAC de Campinas, em 2016. Foto: Vinícius Cruz
15 Ernesto Bonato. Maré.02. Vista da instalação no MAC de Campinas, em 2016. Foto: Vinícius Cruz
16 Ernesto Bonato. Maré.02. Vista da instalação no MAC de Campinas, em 2016. Foto: Vinícius Cruz
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