Livro
Pombo-correio: uma carta para um futuro ancestral
SOBRE O LIVRO
Com os pássaros, o que fizemos aqui foi aninhar. Juntos, respeitando o lugar do outro no cosmos e na vida compartilhada, formamos alianças que misturam e encantam.
Com os pássaros, nidificamos uma construção em que cada resíduo amorosamente deixado sobre as mesas de trabalho foi de alguma forma conduzido a um entroncamento de galhos dessa árvore, cujo tronco nasce nas beiradas de uma universidade, mas cujos ramos transcendem as cercas que em vão tentam separá-la de gentes, seres, forças, saberes e práticas.
Com os pássaros, voamos por cima dos muros e buscamos ultrapassar os limites urbanos e imobiliários criados pelos humanos que querem ser donos da terra. Os limites são poleiros com os quais brincamos e pulamos nas manhãs alegres e balburdiosas da vida. Nos seguramos no galho firme que esperamos crescer, pacientemente, depois de dispersarmos as sementes.
Com os pássaros, ecoamos cantos que sobem pelos ares se esforçando para compor mundos outros, contemplando possibilidades que tentam escapar das lógicas de uma modernidade falida. Habitamos a fala coletiva em passarada aninhada de respeito, afetos e reflexões.
Com os pássaros, apostamos nas alianças e nas invenções para atender ao chamado de Krenak (2022) e cocriar um futuro que seja possível, ancestral e cósmico.
Este livro assim se constrói, entre “companheiros de ninhada, que se comprazem em chafurdar em imbróglios multiespécies” (Haraway, 2023, p.58).
