Cosmopolíticas contracoloniais: como superar a religião como dispositivo colonial? | Rafael Araldi Vaz


 

Rafael Araldi Vaz[1]

 

As primeiras experiências em dar forma ao outro colonial no Brasil, deu-se através da conceituação dos povos originários sob um guarda-chuva semântico bastante conhecido. Das muitas palavras empregadas, o conceito de animismo foi talvez uma das grandes contribuições da antropologia vitoriana para a construção de um invólucro que permitisse abrigar a diversidade de experiências “espirituais” ligada aos povos indígenas na América e Brasil. Do mesmo modo, outros tantos conceitos como fetichismo e xamanismo também possuem uma particular genealogia de aderência entre palavras eurocentradas e experiências coloniais (JOHNSON, 2011). O presente ensaio procura demonstrar algumas relações possíveis entre conceitos-chave construídos pelo colonialismo, atendo-se particularmente ao conceito de religião como dispositivo central para constituição dos sentidos e significados atribuídos às populações nativas no contexto do colonialismo e da manutenção da racionalidade colonial.

(Leia o ensaio completo em PDF)

 

Recebido em: 15/09/2025

Aceito em: 15/10/2025

 

[1] Professor no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac). Email: araldivaz@gmail.com

Cosmopolíticas contracoloniais: como superar a religião como dispositivo colonial?

 

RESUMO:O presente ensaio foi provocado a partir de reflexões produzidas no contexto da mediação da mesa-redonda com o professor Renan Albuquerque (UFAM), em sua apresentação na ocasião do II Seminário Integrado de Educação e Direitos Humanos: afetividades e (bio)políticas dos povos originários da Amazônia e do Vale do Itajaí, ocorrido em 2023 na da FURB. Partindo de um diálogo com a pesquisa antropológica apresentada neste Seminário, acerca dos Sateré-Mawé, esse breve ensaio é um desdobramento e recorte das discussões empreendidas nesta ocasião. Focando, mais precisamente, em um debate com o campo da história da religião e da epistemologia da religião em perspectiva decolonial/contracolonial, procura-se analisar o papel do conceito de religião como dispositivo colonial sobre os povos subalternizados,  articularmente
indígenas, e como a cosmopolítica contracolonial pode contribuir como semântica e prática política que permite recolocar a centralidade do vocabulário nativo como máquina de guerra contra a colonialidade.

PALAVRAS-CHAVE: religião; cosmopolítica; contracolonialidade; decolonialidade.


Countercolonial cosmopolitics: how to overcome religion as a colonial device?

 

ABSTRACT:This essay was prompted by reflections produced during the roundtable discussion with Professor Renan Albuquerque (UFAM), during his presentation at the II Integrated Seminar on Education and Human Rights: Affectivities and (Bio)Politics of the Indigenous Peoples of the Amazon and the Itajaí Valley, held in 2023 at FURB. Based on a dialogue with the anthropological research presented at this seminar about the Sateré-Mawé, this brief essay is an extension and excerpt from the discussions undertaken on this occasion. Focusing more precisely on a debate with the fields of history of religion and epistemology of religion from a decolonial/countercolonial perspective, it seeks to analyze the role of the concept of religion as a colonial device for subalternized peoples, particularly Indigenous peoples, and how countercolonial cosmopolitics can contribute semantics and political practice that allows for the re-centralization of native vocabulary as a war machine against coloniality.

KEYWORDS: religion; cosmopolitics; countercoloniality; decoloniality


VAZ, Rafael Araldi. Cosmopolíticas contracoloniais: como superar a religião como dispositivo colonial? ClimaCom – Exu: arte, epistemologia e método [online], Campinas, ano 12, n. 29., dez. 2025. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/cosmopoliticas-contracoloniais/