CHAMADA PARA PUBLICAÇÕES: Dossiê “Exu: arte, epistemologia e método”

Editores: Déa Trancoso (UEA), Caroline Barroncas (UEA), Mônica Costa (UEA), Daniela Franco (UFU), Susana Dias de Oliveira (Unicamp), Tiago Amaral Sales (UFU).

Os artigos, ensaios, resenhas e produções artísticas e culturais devem ser adequados às normas para publicação e enviados à Comissão Editorial até o dia 30 de agosto de 2025 por meio eletrônico para climacom@unicamp.br. O dossiê será publicado a partir de dezembro de 2025.

Leia a proposta do dossiê e conheça as normas de publicação da ClimaCom.

 

Dossiê “Exu: arte, epistemologia e método”

| chamada aberta para 2025 |

| EDITORIAL | 

 

Imagem criada por Déa Trancoso, a partir da canção autoral “Carta de Ailton Krenak aos Taru Andé” (álbum “Cartas ao Vento”/2023), composta em parceria com o pensamento coletivo de Krenak (Ideias para adiar o fim do mundo/2019). O álbum pertence ao Projeto de Qualificação do seu doutoramento em Educação pela Unicamp, tese defendida em 2024.

 

Exu no terreiro é rei; na encruza, ele é doutor! (Trecho de Ponto tradicional para Exu, transmitido pelo Exu Zambarado a Déa Trancoso, 1996, em Belo Horizonte, Minas Gerais)

Exu vem depois que o corpo escuta os 4’33’’ de silêncio da música de John Cage ou a técnica tintinnabuli de Arvo Pärt. O que se segue é tão pouco usual que não temos mais certeza de ter um corpo porque “a vida não é um bem que possuímos, a vida é uma pretensão”, como diz Étienne Souriau. Exu ocupa os minúsculos dessa pretensão. (Déa Trancoso, 2024, p. 37)

Exu, princípio dinâmico das encruzilhadas e das encantarias do Catimbó, é mais que uma entidade sagrada que vence demanda nos terreiros do Brasil e do mundo: é epistemologia viva, método criativo e arte de borrar/atravessar fronteiras. Este Dossiê convoca artistas, cientistas e pensadores a reconhecerem Exu como fundamento teórico e prático para a produção de conhecimento, desafiando as hierarquias coloniais que insistem em demonizá-lo. Aqui, Exu e outras tecnologias ancestrais de construção de saberes emergem como chaves para uma ciência outra, uma arte insurgente e uma pedagogia radical: saberes que nascem do diálogo com o incerto – que, por sinal, são, também, as forças de invenção que movem a arte, a política e a ciência –, tal como propõem os autores que nos orientam. Leda Maria Martins (2021), em tempo espiralado, nos ensina que Exu opera na dobra do tempo, tecendo narrativas não lineares que subvertem a lógica ocidental do controle e da replicabilidade. Já Luiz Rufino (2019), em pedagogia das encruzilhadas, afirma que Exu é mestre da escuta e da transformação, exigindo um pensamento que habite contradições. Michel Foucault (1984, 2009), pela noção de parresía, lembra que dizer o que precisa ser dito para fins de transformação de si e da terra é risco e vulnerabilidade – e Exu como parresiasta intempestivo carrega essa coragem de ver e dizer o inconveniente, mas necessário, descolonizando a noção de verdade: ela não é abstrata, mas encarnada, situada e perigosa. Isabelle Stengers (2013, 2018), ao advogar que outra ciência é possível, ecoa a exigência exuniana de um conhecimento situado, relacional e não neutro. Ailton Krenak e Déa Trancoso (2019, 2024), em corpo taru andé radicalmente vivo, e Nego Bispo (2022), em a terra dá, a terra quer, nos convidam a pensar Exu como força telúrica e política: um princípio que recusa a separação entre corpo e terra, saber e existência. Como práticas artísticas e científicas podem aprender com Exu a dizer verdades que custam, mas que transformam? Chamamos trabalhos, pensamentos, artistagens que assumam Exu não como objeto de estudo, mas como sujeito epistêmico – voz que desarruma certezas e credibiliza saberes marginalizados e apagados. Este Dossiê deseja a encruza (território de encontros, conflitos e reinvenções) e é conduzido pela Aula Magna homônima, organizada pela professora Déa Trancoso em pós-doc, que reuniu a pensadora Leda Maria Martins (UFMG), os pensadores Luiz Rufino (UERJ) e Rafael Araldi (UNIPLAC) e o artista multidisciplinar Benjamin Abras, inaugurando a abertura do semestre letivo do Programa em Educação em Ciências na Amazônia (PPGEEC), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Submissões desejadas:

  1. Arte e performance como epistemologia exuniana encantatória:

. Trabalhos artísticos (visuais, cênicos, sonoros, literários) que encarnem Exu como princípio criativo,

. Performances, intervenções e narrativas que explorem travessias a partir de metodologias corporificadas e emancipatórias,

. Análises de obras artísticas que dialoguem com a noção de Exu como força transformadora (de si e da terra).

  1. Exu como método e pedagogia:

. Pesquisas que apliquem a pedagogia das encruzilhadas (Luiz Rufino) em práticas educativas contracoloniais,

. Relatos de experiências pedagógicas que subvertam hierarquias de saber a partir das cosmologias de Exu e/ou de saberes ancestrais,

. Discussões sobre Exu como mediador entre mundos, aumentando a realidade dos saberes ancestrais na academia

  1. Ciências e epistemologias não-hegemônicas:

. Ensaios que articulem Exu com propostas de outras ciências possíveis (Isabelle Stengers), como saberes afrodiaspóricos, indígenas ou não-ocidentais,

. Críticas à ciência moderna a partir da epistemologia exuniana: nomadismos, imprevisibilidade, relação, corporeidade,

. Interdisciplinaridade levada a sério que trate Exu como operador teórico em campos como arte, filosofia, ecologia, antropologia e o que Déa Trancoso (2024) chama de ciências divinatórias.

  1. Corpo, terra e política:

. Reflexões sobre Exu como força que conecta corpo e território (Ailton Krenak, Nego Bispo),

. Análises de movimentos sociais que incorporem Exu como princípio de luta e organização,

. Discussões sobre reencantamento do mundo a partir da instauração do corpo taru andé radicalmente vivo (Ailton Krenak e Déa Trancoso).

  1. Temporalidades exunianas e narrativas contracoloniais:

. Pesquisas que explorem o tempo espiralado (leda Maria Martins) em contraste com a linearidade colonial,

. Estudos sobre Exu como agente de narrativas não-hegemônicas (oralitudes, ficção especulativa, fabulações),

. Análises de histórias e cosmogonias que desestabilizam noções fixas de passado, futuro e presente.

  1. Exu e a ética da comunicação (parresía):

. Ensaios sobre Exu como um parresiasta (Michel Foucault) e suas implicações políticas e epistemológicas,

. Discussões sobre risco, mediação e responsabilidade nos processos de produção de conhecimento,

. Críticas à censura e aos silenciamentos acadêmicos a partir da figura exuniana.

  1. Exu, tecnologias ancestrais e futurismos radicais:

. Críticas à colonialidade digital,

. Abordagens da rede como encruzilhada,

. Apresentação de tecnologias encantatórias ancestrais como possibilidade de reinvenção de mundos.

 

ClimaCom – NORMAS PARA A PUBLICAÇÃO

SUBMISSÃO DE ARTIGOS, ENSAIOS E RESENHAS até o dia 30 de agosto de 2025

SEÇÃO PESQUISA

A Revista ClimaCom recebe artigos, ensaios e resenhas originais para publicação nos Dossiês para os quais faz chamadas temáticas, e também recebe artigos, ensaios e resenhas originais em fluxo contínuo. Os autores deverão observar o tempo de 2 anos para nova publicação na ClimaCom.

As contribuições são avaliadas pela Comissão Editorial e por pareceristas ad hoc, por meio de revisão às cegas, reservando-se o direito da Revista de propor modificações com a finalidade de adequar os artigos e demais trabalhos aos seus padrões editoriais.

Os originais submetidos à Revista não podem estar em processo de avaliação simultânea em outra publicação e devem ser inéditos no Brasil, cabendo ao Conselho Editorial avaliar a conveniência de publicar ou não trabalhos já divulgados em outros idiomas por revistas e órgãos editoriais de outros países.

Cabe à Comissão Editorial uma análise preliminar dos originais recebidos, a fim de verificar a conformidade com as linhas editoriais e as normas da Revista, podendo recusá-los ou encaminhá-los, caso aprovados, para processo de avaliação com vistas à sua publicação ou não. Poemas e outras modalidades de produção artístico-literária e iconográfica são também publicados, mas unicamente mediante convite da Comissão Editorial.

É condição para a publicação dos materiais a adequação à linha editorial da revista, o cumprimento das normas e a revisão prévia.

Instruções aos colaboradores:

Apreciação pela Comissão Executiva Editorial

Os trabalhos serão, primeiramente, apreciados pela Comissão Editorial Executiva, que solicitará pareceres aos Consultores ad hoc, que permanecerão anônimos. Os artigos serão encaminhados aos consultores sem identificação. Os autores serão notificados da aceitação ou recusa de seus artigos.

Quando forem indicadas modificações substanciais, o autor será notificado e poderá realizá-las, devolvendo o trabalho reformulado dentro do prazo estabelecido pela Comissão. Antes da publicação dos trabalhos, os pareceres serão enviados aos autores. Caso os autores não levem em consideração os apontamentos e sugestões de correção contidas nos pareceres, o texto não será publicado.

A decisão final acerca da publicação ou não do trabalho caberá sempre à Comissão Editorial Executiva.

ARTIGOS

Serão aceitos artigos inéditos em português, espanhol e inglês com o mínimo de 5 páginas (para as áreas de exatas e biológicas) e 10 páginas (área de humanas) e o máximo de 30 páginas, excluindo as referências finais.

ENSAIOS

Serão aceitos ensaios inéditos em português, espanhol e inglês entre 2 e 15 páginas, excluindo as referências finais. Os ensaios caracterizam-se pela maior liberdade formal na exposição do tema de interesse do autor e de seus argumentos. Seu caráter é o de um exercício do pensamento, mas não desprovido de rigor.

RESENHAS

Serão aceitas resenhas de livros indicados pela Comissão Editorial Executiva em português e espanhol de até 8 páginas, incluindo as referências finais.

FORMATAÇÃO PARA ARTIGOS, ENSAIOS E RESENHAS

Os artigos, ensaios e resenhas deverão obedecer estritamente à formatação apresentada nos respectivos templates (margens, tamanho da folha, espaçamentos, tamanho de fonte, estilos etc.), que trazem também exemplos das normas para citação e referenciação. Os casos não exemplificados deverão ser consultados nos documentos da ABNT linkados abaixo.

Template para artigo ClimaCom

(baixe o template em word aqui)

Template para ensaio ClimaCom

(baixe o template em word aqui)

Template para resenha

(baixe o template em word aqui)

1) Serão aceitos arquivos somente nos formatos Microsoft Word 97-2003 ou versão superior.
2) A avaliação dos pareceristas ad hoc será anônima, por isso deverão ser enviados dois arquivos: um com autoria e outro sem os nomes dos autores e sem qualquer informação que identifique autoria. No lugar dessas informações deverá ser usada a palavra AUTOR.
3) As citações deverão seguir a NBR 10520 – 2002;
4) As referências deverão seguir a NBR 6023 – 2002;
5) Para o uso de Figuras ver tópico 5.9 da NBR 14724 – 2011;
6) Para os artigos, havendo o uso de Quadro e Tabela devem deve ser consultadas as Normas IBGE completo, ou Normas IBGE simplificado;
7) As únicas expressões latinas que poderão ser usadas no corpo do texto e nas notas ao final, quando necessário, é apud e a abreviatura et al.

SEÇÃO ARTE

SUBMISSÃO DE PRODUÇÕES ARTÍSTICAS E CULTURAIS

Esta seção atua como um espaço expositivo da revista, no qual podem ser publicadas produções artísticas e culturais nas mais diversas modalidades (vídeo, áudio, fotografia, escrita, pintura, desenho, etc.) que possam multiplicar pensamentos em torno das mudanças climáticas na relação com o tema proposto por cada edição da revista.  Também podem ser submetidos registros de produções (instalações, oficinas, exposições, intervenções, etc.), em formato digital para publicação.

A comissão julgadora das produções artísticas e culturais é composta pelo Conselho Editorial e avaliará as submissões com base nas seguintes normas:

1) A Revista ClimaCom é uma publicação eletrônica, por isso TODAS as produções submetidas devem ser convertidas em formato digital (áudio, vídeo ou imagem).

2) As produções devem vir acompanhadas de arquivo em doc do word contendo:

  • dados do(s) autor(es) (nome, instituição, e-mail, telefone);

  • título da produção;

  • resumo de no máximo 500 palavras (não obirgatório);

  • no caso das produções audiovisuais, deve conter ainda o link em que o arquivo se encontra disponível para avaliação;

  • FICHA TÉCNICA da produção no arquivo com as seguintes informações, quando for pertinente ao trabalho: título da obra, autor, diretor, roteirista, editor, coordenador, técnica, fotógrafo/câmera, música original, financiamento, projeto, país de produção, ano de produção.

3) As produções audiovisuais serão analisadas através de endereço eletrônico gerado pelo youtube ou vimeo, e, no caso das produções aceitas para publicação, o arquivo deve ser encaminhado via google drive para a revista;

4) As produções submetidas em imagem digital devem possuir resolução mínima de 72 dpi, e com 1024 pixels no maior lado da imagem, no formato JPEG.

5) O(s) autor(es) poderão submeter até 1 série de imagens, é aconselhado que cada série seja composta de até 16 imagens (se necessário a equipe da revista poderá efetuar alterações na qualidade e tamanho das imagens, para melhor adequação aos parâmetros da revista, após consultar os autores).

6) Caso seja necessário, um representante da revista entrará em contato com os responsáveis pelas obras selecionadas, por e-mail ou telefone, solicitando o envio de cópias autenticadas dos documentos exigidos por lei, tais como licença ou cessão de direitos autorais, autorização das pessoas filmadas para exibição de sua voz e imagem, autorização para uso de fonograma, músicas, obras audiovisuais, fotográficas ou de outros direitos autorais que sejam relacionados com o vídeo inscrito.

7) O produtor é responsável pela utilização de imagens ou músicas de terceiros em seus trabalhos. Todos e quaisquer ônus por problemas de direitos autorais recairão exclusivamente sobre o realizador do trabalho inscrito.

8) As submissões serão realizadas através do e-mail: <climacom@unicamp.br>, até o dia 30 de agosto de 2025. O(s) autor(es) deve(m) encaminhar no e-mail o arquivo PDF com os dados, título, link, resumo e ficha técnica da produção, junto às imagens que compõem a série.