Sobre o desaparecimento das Sete Quedas: histórias situadas e arte | Mariana Reis Leal Fernandes

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Mariana Reis Leal Fernandes[1]

 

Considerações iniciais
Contar histórias em que a arte se articule com a ciência em práticas que nos convidem a imaginar outros mundos possíveis é onde estou hoje. Sendo professora de Arte/Dança do Instituto Federal de Santa Catarina, os emaranhamentos entre arte e ciência estão no meu foco de interesse. Mas não qualquer encontro. Um olhar crítico e não inocente, reflexivo sobre os processos e contradições da sociedade moderna, preocupado com caminhos que nos levem a viver e morrer melhor.

A autora que me mobiliza tais discussões é Donna Haraway[2] que fez ecoar em mim situações vividas, as quais, como a própria autora diz, fui convidada a remembrar[3]. Nas suas obras, ao pensar e habitar problemáticas relacionadas à tecnociência e tecnocultura, a autora traz diversas vezes para a conversa, artistas e obras de arte. Quando, por exemplo, nos conecta ao Arch[4] (2021), de Andy Goldsworthy ou a James (sitting)[5] (2022), de Patricia Piccinini, Haraway aponta outras linguagens que também estão preocupadas em discutir os rumos do planeta.

A arte não se limita à linguagem verbal, ela engloba diversas formas de expressão, cada uma com suas particularidades e capacidades de produzir e comunicar ideias complexas. Nessa diversidade de linguagens se permite a especulação, onde florescem outras maneiras de habitar o mundo. Uma especulação sempre em aberto, despertando possibilidades, convidando à consideração sobre possíveis consequências de nossas ações.

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(Leia o ensaio completo em PDF)

 

Recebido em: 15/05/2025

Aceito em: 15/05/2025

 

[1] Grupo Fluxo PPGECT – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Email: marirlfernandes@gmail.com
[2] Filósofa, bióloga e teórica feminista estadunidense, amplamente reconhecida por suas contribuições para os estudos de ciência, tecnologia e sociedade.
[3] Haraway, em seu livro “Quando as espécies se encontram”, utiliza essa palavra como uma ferramenta para compreender a complexidade das relações. Entre “reconectar os membros” e “tornar a lembrar”, ela frisa que a memória é construída socialmente, na carne e no signo. Não é um conhecimento sobre fatos passados, mas uma constante relação de práticas herdadas e criação de significados.
[4] Intervenção artística feita em pedra arenito em formato de arco que se estabelece juntamente a uma rota de pastoreio entre territórios da Escócia e da Inglaterra.
[5] Ilustração que apresenta uma possível interação entre um bebê humano e uma criatura não-humana.