MemórIgarapécinza
Outras Manau(s) ato-clamor performativo: era uma vez um igarapé?
Quando da minha chegada aqui, tudo isso era um igarapé que adentrava a cidade de Manaus, porém, parece mais uma cidade ianque, uma urbe de imensos arranha-céus, de altas edificações, de ruídos e de movimentações (Dias, 2007).
As águas do Igarapé da Bolívia, a flora e a fauna exuberantes violentamente rasgadas pelo concreto e pelo asfalto. Embaixo dessa ponte aonde meus pés pisam performativamente ─ na memória dos meus familiares, a ponte foi erguida na década de cinquenta; primeiro de madeira e depois de concreto ─, era uma vez um igarapé deslumbrantemente límpido, tão límpido que podíamos ver peixinhos e a areia branca no fundo do igarapé; sepultaram, Manaus se transformou numa cidade expropriada de suas memórias (Dias, 2007). O Igarapé da Bolívia era um dos lugares em Manaus que nós manauaras frequentávamos (cerca de quarenta anos atrás) sem a preocupação de estarmos tomando banho em águas sujas. Mas a poluição do igarapé foi causada pela ausência de saneamento básico, pela invasão de terras no entorno do igarapé e pela especulação imobiliária. E as águas do igarapé são testemunhas dessas mudanças drásticas, pois antes de nós humanos, os rios já habitavam a Terra (Krenak, 2022).
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Recebido em: 15/05/2025
Aceito em: 15/05/2025
[1] Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAV/UFRGS). Email: dancarbrincarjogar@gmail.com