Por | Maria da Glória Feitosa Freitas ou Yeye Obàluru Obátálá Ilé Ifè[1] e Faseyi Awogbemi Dada/OBáLuru Obàtálá Ilé Ifè[2]
Na sua concepção religiosa, filosófica ou de vida: o que é morte?
Na concepção religiosa Yorùbá é assim: tudo que existe não é só material. O eu oculto celestial ou espiritual está em tudo e inexiste mortos entre os seres humanos que passaram na Terra. Aquilo que se chama morte é a vida que segue, é somente um regresso ao Òrun (Plano Espiritual).
Na tradição Yorùbá, tudo o que existe aqui na Terra tem uma dimensão interna e oculta. Aquilo que falta aos olhos vivos é o eu oculto celestial ou espiritual. É assim para os humanos e assim, também, para as árvores. E todos os demais seres vivos/seres espirituais que vivem na floresta, nos bosques, nas matas.
Na cosmovisão Yorùbá, uma árvore não é somente aquilo que fisicamente vemos e chamamos árvore. Uma árvore é um espírito crescendo devagarzinho e/ou uma morada de espíritos, simbolizando ou encarnando certas realidades espirituais. Nossas orações, nossas histórias, versos de nossos oráculos ou os nossos cânticos (ijala em yoruba) e nossos rituais colaboram para uma convivência pacífica entre os seres espirituais presentes aqui na Terra, nossa coletiva e temporária morada. Cantar é uma forma de conviver e comemorar as nossas distintas existências, projetos sagrados de Olódùmarè/Deus em yorùbá.
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[1] Pesquisadora Colaboradora no Labjor-Unicamp (2023 e 2024), Doutora em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Yeye do Templo de Obàtálá de Ilé Ifé, membro da casa do Atori de Obátála e Yemòó.
[2] Professor Especialista Visitante no IEL/Unicamp entre agosto e dezembro de 2024, lecionou a Disciplina Tópicos de Linguística V – HL094, Obà do templo de Obàtálá de Ilé Ifé, membro da casa do Atori de Obátála e Yemòó.