Cosmopolíticas vegetais

Título | Cosmopolíticas vegetais

Vivemos num tempo extremo tomado por uma inédita brutalização da vida. Ainda que de maneiras desiguais em sua intensidade, essa deterioração interpela a todas e todos nós. Não é mais possível seguir repetindo a violência da destruição promovida por uma política restrita aos humanos entre si. O cultivo de vínculos afetivos entre todos os seres viventes que habitam diferentes espaços, tempos, culturas e territórios se faz urgente para pluralizarmos e florestarmos a Terra diante da força da monocultura da devastação. A exposição Cosmopolíticas Vegetais atende a esse chamado político e ético inadiável ao reunir artistas e plantas em parcerias de pesquisa e criação coletiva. Com as obras aqui presentes podemos aprender com os saberes indígenas, os saberes afrodiaspóricos, as artes e as ciências que tomam as plantas como companheiras de vida e invenção que um mundo vivo é um mundo relacional, um mundo de enredamentos, tramas, costuras, teias, misturas, coreografias e colagens que se expressam nas mais sutis composições artísticas, tais como aquelas que a floresta cria quando as folhas deitam em seu chão. Em seu silêncio, mistério e opacidade, a arte da delicadeza praticada pelas plantas nos ensina uma qualidade de presença para o mundo sensível, para o outro radicalmente diferente de nós e para o que está imediatamente ao nosso redor e muitas vezes não percebemos por conta de uma escassa sensibilidade que se expressa em indiferença. Aparecem então desenhos, sementes, vídeos, folhas, áudios, galhos, flores, fotografias, caules, papéis, seivas, grafismos, aromas, sensações, conceitos, frutos, gravuras, peles, barros, crochês, águas e pedras para nos lembrar, em sua multiplicidade abundante que juntas e juntos, como corpos entre corpos, podemos descobrir potencialidades, inventar modos mais generosos de responder uns aos outros e criar possibilidades de coexistência. Em meio a tempos brutais, as sutilezas e minúcias praticadas pelas Cosmopolíticas Vegetais nos co-movem diante das emergências climáticas que atravessamos. Carolina Cantarino (cientista social, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)).


| FICHA TÉCNICA |

Exposição coletiva

Comunidade Jongo Dito Ribeiro (Alessandra Ribeiro, Bianca Ribeiro, Flavia Tamiris e Juliana Ribeiro)

Coletivo multiTÃO (Alessandra Penha, Ana Lucia Luchese, Cris Mendes, Emanuely Miranda, Fabiana Ribeiro, Juliana Andina, Silvana Sarti, Pedro dos Santos, Susana Dias, Úrsula Steffany e Wallace Fauth)

Mariana Vilela 

Marina Guzzo 

Marli Wunder 

Rayane Barbosa 

Silvana Sarti, Fabio Florentino e Luiza Florentino 

Sylvia Furegatti 

Valéria Scornaienchi

Grupo | Grupo multiTÃO (CNPq) do Labjor-Unicamp.

Local | Espaço Marco do Valle – CEI Campinas

Data | 16 de agosto a 28 de setembro de 2024

Projeto | “Perceber-fazer floresta: alianças entre artes, ciências e comunicações diante do Antropoceno” (Fapesp 2022/05981-9)

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https://drive.google.com/drive/folders/1mAvpDobFqU3sy9kSTJfUnHJ4vrPHfrr6?usp=sharing

 

 

 

 

 

 

CANTARINO, Carolina; DIAS, Susana (Coord.). Exposição Cosmopolíticas vegetais. ClimaCom – Desvios do “ambiental” [online], Campinas, ano 11, nº.27. dez. 2024. Available from:  https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/cosmopoliticas-vegetais/

SEÇÃO ARTE | DESVIOS DO “AMBIENTAL” | Ano 11, n. 27, 2024

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