Impactos das queimadas para os animais silvestres no Bioma Cerrado | Kátia Gomes Facure Giaretta, Camila de Paula Teixeira, Bruna Davi Alves, Giovanna Tannous de Sousa, Michel Muiller Pereira, Vanessa Fonseca Gonçalves e Celine de Melo

Título | Impactos das queimadas para os animais silvestres no Bioma Cerrado

O bioma Cerrado está inserido em uma região de clima sazonalmente seco, o que propicia a ocorrência de queimadas. Embora o fogo seja um agente importante da manutenção da diversidade de fisionomias vegetais encontradas no Cerrado, além de ser indutor da floração e germinação de várias espécies, sua ocorrência frequente pode levar à total destruição do bioma. Os incêndios em áreas naturais do Cerrado durante a época seca do ano podem ser acidentais ou intencionais e têm se tornado cada vez mais frequentes. Nesse sentido, ações de educação ambiental são fundamentais para ampliar a conscientização sobre os prejuízos das queimadas para a biodiversidade. O presente ensaio apresenta uma série de registros fotográficos de animais silvestres após um grande incêndio ocorrido em 09/09/2021 em uma reserva de 127 hectares de vegetação natural, composta por duas fitofisionomias de Cerrado: cerrado sentido restrito e vereda, no município de Uberlândia, MG. Foram realizadas 14 visitas ao local, entre 14/09/2021 e 22/10/2021, à procura de animais silvestres, totalizando 40h de atividades de campo. Os registros fotográficos têm sido expostos em ações do Projeto de Extensão e Pesquisa Aves e Mamíferos do Cerrado (MAAVE), financiado pela FAPEMIG através do Edital 11/2022. Nessas exposições, explicamos o contexto dos registros e fornecemos informações adicionais sobre as espécies representadas, havendo momentos para discussão e troca de saberes. As imagens mostram diferentes situações enfrentadas pelos animais. Foram registrados um jabuti que não conseguiu escapar das chamas, um tamanduá-bandeira que morreu vários dias após a passagem do fogo em consequência de lesões pulmonares, aves diversas buscando alimento na paisagem destruída e uma cascavel que sobreviveu porque encontrou abrigo em uma toca de tatu. Os efeitos das queimadas sobre a fauna podem ser imediatos e diretos, ameaçando a conservação de várias espécies nativas, especialmente aquelas com baixa capacidade de deslocamento ou que não dispõem de locais seguros para se abrigarem do fogo. Existem ainda efeitos indiretos, que são mais difíceis de serem mensurados, como intoxicação pela fumaça ou incremento da competição por recursos que se tornaram escassos. A intensa necessidade de terras agrícolas e a expansão imobiliária do município de Uberlândia, assim como a proximidade da área com a rodovia, ameaçam a biodiversidade na reserva atingida pelo fogo. Atualmente, o bioma Cerrado conta com menos de 50% de sua vegetação original, sendo apenas 9% de seu território representado por Unidades de Conservação (UCs). Além de serem fundamentais para a conservação da biodiversidade, as UCs também são importantes para a manutenção de diversos serviços para a sociedade, como uso público (turismo, lazer, fins educacionais e de pesquisa), mitigação do efeito estufa, redução da perda de solo, extrativismo (pequi, baru, buriti e outros), abastecimento de água e geração de energia. Devido principalmente à falta de fiscalização, mesmo áreas protegidas estão sujeitas à ocorrência de queimadas acidentais ou intencionais durante a época seca, que corresponde ao inverno no bioma Cerrado, trazendo consequências negativas para a fauna silvestre.

| FICHA TÉCNICA |

Autora dos registros fotográficos | Kátia Gomes Facure Giaretta

Ano de produção | 2021

Autoras | 

Kátia Gomes Facure Giaretta, Universidade Federal de Uberlândia, katiafacure@ufu.br
Camila de Paula Teixeira, Universidade Federal de Uberlândia, teixeirap.camila@gmail.com
Bruna Davi Alves, Universidade Federal de Uberlândia, brunadavi.a@ufu.br
Giovanna Tannous de Sousa, Universidade Federal de Uberlândia, giovanna.ts@ufu.br
Michel Muiller Pereira, Universidade Federal de Uberlândia, miller.michel@ufu.br
Vanessa Fonseca Gonçalves, Universidade Federal de Uberlândia, vanessa.goncalves@ufu
Celine de Melo, Universidade Federal de Uberlândia, celine.melo@ufu.br