O sapo foi para o brejo? | Rosana Torralba

Título | O sapo foi para o brejo?

O mundo parou em torno da pandemia do novo coronavírus. Mas os seres humanos não são os únicos que sofrem com situações desse tipo. Um fungo (Batrachochytrium dendrobatidis) vem dizimando populações de sapos, rãs e pererecas ao longo dos últimos 50 anos. A doença, que culmina na diminuição de sapos, acarreta também no desequilíbrio ecológico, que reflete na qualidade de vida humana. Essa diminuição gera, por exemplo, o aumento de insetos vetores de doenças como dengue, zika , chikungunya e febre amarela. Além disso, sapos são presas de mamíferos, cobras e aves (Informações de Luís Felipe Toledo IB-Unicamp – trecho de matéria do G1- Terra da gente, 25/04/2020).

Com o efeito estufa e todos os problemas que a nossa mãe Terra vem sofrendo, ao colocar essa terracota dentro de um aquário fechado, esse brejo aquoso e terroso, só com uma pedra, já não é por si só, um brejo realmente. O sapo não está mais nesse brejo? Será que o sapo virou pedra ? “O sapo foi pro brejo!!”. Este é um alerta do que poderá acontecer dentro de alguns anos, se nada for feito para reverter o colapso climático. Veremos um falso brejo numa vitrine?

 


| FICHA TÉCNICA |

Título da obra | O sapo foi para o brejo?

Criação | Rosana Torralba

E-mail | torralbarosana@gmail.com 

Ano | 2023

 


Mostra | Seguir os Sapos

O Brasil é um hotspot de biodiversidade para anfíbios. Só na Mata Atlântica são conhecidas mais de 700 espécies de anfíbios anuros, sendo que 90% destes são endêmicos deste bioma. Os anuros são animais ectotérmicos, ou seja, necessitam de fontes externas para conseguir manter sua temperatura, são sensíveis aos efeitos causados pela mudança na temperatura ambiental e precipitação, interferindo na fisiologia e nas interações com outros seres vivos. Devido a hipersensibilidade dos anuros à poluição química, de rios e águas superficiais, doenças, fragmentação de áreas, mudanças climáticas, radiação ultravioleta, além de outros fatores, atualmente estão entre o grupo de vertebrados terrestres com maior risco de extinção. Para encontrá-los, além de olhos treinados, os herpetólogos nos ensinam que é preciso estar atento aos seus cantos. Os sapos emergem, no encontro com as ciências biológicas, como cantores que desafiam o sistema perceptivo, pois é preciso inventar um corpo que se lança na mata no escuro da noite e que se torna capaz de enxergar com os ouvidos. Conhecer as práticas dos herpetólogos, e experimentar criações artísticas com eles, pode ser um modo de ganhar intimidade com os sapos, uma maneira de aprender a seguir seus modos de existir entre meios. Esta Mostra é resultado dessa aposta, experimentada na Residência Artística ClimaCom “Seguir os sapos” e na disciplina “Arte, ciência e tecnologia” do Programa de Pós-Graduação em Divulgação Científica e Cultural do Labjor-IEL-Unicamp (2023), ambas realizadas em parceria com o Laboratório de História Natural de Anfíbios Brasileiros (LaHNAB), do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Uma parceria que buscou ativar conexões vivas entre artes, ciências que levem a sério o que pode ser a criação de uma relação de amizade, companheirismo, vizinhança e parentesco com os sapos que sejam capazes de gerar novos modo de perceber, pensar, sentir, imaginar e agir mais conectados com a Terra.

Curadoria e expografia | Natália Aranha e Susana Dias.

Local | Espaço Plural do Labjor-Unicamp

Ano | Maio de 2023

 

 

 

TORRALBA,Rosana.ClimaCom – Ciência.Vida.Educação [online], Campinas, ano 10, n. 24. maio 2023. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/sapo-brejo/

 

 


SEÇÃO ARTE | CIÊNCIA.VIDA.EDUCAÇÃO | Ano 10, n. 24, 2023

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