Corpos e(m) movimento(s) na escola | Ariana Sousa de Moraes Sarmento

Título | Corpos e(m) movimento(s) na escola

Como compor um espaço movente na escola, que crie com os corpos vivos, pulsantes,  tediosos, alegres e gritantes que estão ali? Que aproveite tal potência? Que escritas, que corpos, que movimentos se tornam possíveis no espaço da sala de aula quando acertar ou  errar estão fora de questão? A série de composições imagéticas aqui apresentada surge do intuito de provocar encontros que suscitem movimentos e existências outras na escola. Instigada pela leitura de “As existências mínimas” de David Lapoujade (2017) decidi  aventurar-me no desafio de fisgar gestos instauradores de outras existências. Essa  proposição fez parte de uma pesquisa de mestrado realizada no Programa de Pós graduação em Educação, da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGE/UFSC). A  pesquisa foi desenvolvida com estudantes de 8º Ano, no Marista Escola Social Lúcia Mayvorne, situada no Monte Serrat, em Florianópolis/SC. Na intenção de  desfuncionalizar uma ideia de corpo construída desde a ciência moderna, busquei um  diálogo com as artes, não enquanto ferramenta, mas como propulsora de uma outra forma de pensamento. Para isso, realizei oficinas com os/as estudantes durante as aulas de  ciências. Durante a composição das oficinas, me deparei com a série chamada “corpus”  fotógrafo francês Louis Blanc. Nessa série, entendendo que o corpo por si só é linguagem, Louis Blanc jogou com a torção do corpo, brincou com diferentes perspectivas e produziu novas entidades escultóricas. Decidi partir das fotografias de Louis Blanc como um  estímulo para provocar os/as estudantes a se imaginarem com outros corpos e pensarem nos seus movimentos cotidianos. Espalhei as imagens pela sala (coladas na parede, na  mesa, nas cadeiras e penduradas) em posições que provocassem o “desacomodamento”  para serem vistas. Fiz o convite para que as/os estudantes escolhessem uma ou duas imagens para descrever um gesto ou ação que eles/elas gostariam de fazer/sentir se tivessem aquele corpo. Deixei aberto para que pudessem desenhar, escrever ou também tirar uma foto em que estivessem experimentando essa outra anatomia para seu corpo.  Ver tantas expressões geradas durante essas experimentações me suscitaram uma vontade  de também me por a dançar com as imagens e palavras deles/delas. Experimentei sobrepor as frases escritas pelos estudantes às imagens correspondentes, escolhidas por  eles/elas. Assim, enquanto brincava com os corpos, palavras e movimentos foi nascendo uma composição. Outras disposições relacionais surgiram quando a fragilidade, a  generosidade e a sensibilidade de tais corpos foram colocados em cena. Nesse  movimento, (in)visibilidades no/do cotidiano escolar emergiram junto com as existências  que, em processo, tornaram-se múltiplas. O espaço da escola se tornou movente. Ora se estendendo, ora se encolhendo, dependendo do lápis, da caneta, do papel, da pausa e do corpo que ali escrevia e poetizava seus movimentos com o mundo. 

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| FICHA TÉCNICA |

Texto, criação e composição das montagens | Ariana Sarmento

Frases nas fotografias | Estudantes de 8ºAno. Marista Escola Social Lucia Mayvorne.

Fotografias originais | Louis Blanc, série Corpus.

Designer gráfico | Matheus Pasinatto

E-mail| arianamsarmento@gmail.com

Telefone|(48) 98844 2584

Ano | 2023