Pequenas composições com plantas, cacos e ideias para pensar o que (não) acontece[1] | Ana Maria Hoepers Preve


Ana Maria Hoepers Preve[2]

“Todo um experimentalismo em que as coisas
não dão errado, mas dão em outra coisa.”
Ana Godoy

Composição

O presente ensaio tem como base duas “circunstâncias de proximidade” com as plantas, a partir das quais sugiro pensar processos educacionais: um acontecimento em uma horta escolar com alunas de graduação do curso de Geografia da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), e o plantio de pés de alecrins no quintal de minha casa, numa situação doméstica. Dessas circunstâncias me interessam as forças que se desprendem e colocam em movimento um modo de fazer em educação. Esse modo tem como questão central a observação dos funcionamentos presentes em um outro modo, o modo de ser das plantas, bem como a percepção do quanto podemos compor com elas uma espécie de parceria para o pensamento. Os elementos que atravessam ambas essas situações me levam a relacioná-las com meu trabalho de pesquisa em educação, este muito próximo ao trabalho de meus alunos e minhas alunas de graduação. É o deslocamento da prática do “cuidado como cerceamento” para a prática do “cuidado como acompanhamento de processos” o que mobiliza minha produção acadêmica, processos esses que englobam desde as pesquisas de jovens iniciantes até as de mestrandos e doutorandos, e que envolvem as educações ambientais decorrentes de seus fazeres. Sabemos que processos tem seus movimentos e suas forças próprias e nem sempre nos agradam, portanto, trata-se aqui de uma composição não pacífica entre eles, advinda da necessidade de dedicar-lhes uma atenção disposta a extrair, dessa relação, alguma matéria para o pensamento. (Leia o ensaio completo em PDF).

[1] Parte deste ensaio é oriundo de algumas ideias presentes no projeto de pesquisa de pós-doutoramento “Cartografias intensivas em educação: quando um modo de fazer diz de uma geografia”, realizado na Faculdade de Educação/Unicamp sob supervisão de Wenceslao Machado de Oliveira Junior, no período de agosto de 2019 a julho de 2020.

[2] Doutora em Educação; Professora do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Educação Faed/Udesc. Email: anamariapreve@gmail.com.

 

Recebido em: 15/09/2022

Aceito em: 15/10/2022

 

 

Pequenas composições com plantas, cacos e ideias para pensar o que (não) acontece

 

RESUMO: O texto é um ensaio, uma pequena composição com plantas, cacos e ideias para ativar um pensamento em educação com o que (não) acontece nos trabalhos com as plantas e com as pesquisas. Essas questões são exploradas e apresentadas em detalhes com base em duas “circunstâncias de proximidade” com as plantas, a partir das quais sugiro pensar processos educacionais: um trecho de uma conversa gerada a partir de um acontecimento em uma horta escolar com alunas de graduação do curso de Geografia da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); e o plantio de pés de alecrins no quintal de minha casa, numa situação doméstica. Dessas circunstâncias interessa pensar as forças que se desprendem e colocam em movimento um modo de fazer em educação. Há nelas, também – nos alunos e nos canteiros escolares, por um lado, e nos alecrins de meu quintal, por outro–, uma experimentação afirmativa em direção aos processos vivos.

PALAVRAS-CHAVE: Educação como composição. Canteiros. Processos formativos.

 


 

Small compositions with plants, shards, and ideas to think what does (not) happen

 

ABSTRACT: This text is an essay to activate a thought in education with what does (not) happen in the work of composition with plants, and in the research in education. These questions are explored and presented at length based on two “circumstances of closeness” with plants, from which I suggested to think educational processes: anexcerpt of a conversation generated from a happening in a school vegetable garden with graduation Geography students at the Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), and the planting of rosemary seedlings in my backyard, in a domestic situation. It is my concern to think the forces that detaches from these circumstances and set in motion a way of making in education. In these forces –but also on the one hand in the students and in the school seedbeds, and on the other hand in the rosemary in my backyard–, there is an affirmative experimentation towards the live processes.

KEYWORDS: Education as composition. Seedbed. Formative process.


PREVE, Ana Maria. Pequenas composições com as plantas, cacos e ideias para pensar que (não) acontece..ClimaCom – Políticas vegetais [online], Campinas, ano 9, n. 23., dez. 2022. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/pequenas-composicoes/