Encontramo-nos no exílio: uma possibilidade para o reencantamento ambiental necessário | Marcela Elisa Beraldo de Paiva e Eduardo Marandola Jr.
Marcela Elisa Beraldo de Paiva[1]
Eduardo Marandola Jr.[2]
Nossa luz é a luz dos vagalumes, que acendem e apagam
Heráclito
Toda epistemologia é um contar de histórias do mundo.
Histórias da produção do conhecimento. Histórias de como e em que condições é possível (ou não) conhecer. Mas “histórias” (no plural) e conhecimento (epistemologia) não parecem se referir ao mesmo universo semântico. O conhecimento, simplificado como sinônimo de científico, nega a pluralidade, metodológica ou de formas de conhecimento. Esse é o sentido comum de epistemologia a que estamos majoritariamente acostumados em nossas formações acadêmicas.
Trazer a epistemologia para o campo da narratividade, à maneira de Paul Ricoeur, no entanto, cria algumas dobras e possibilidades de desvios. A ‘composição da intriga’, tão cara ao autor de ‘Tempo e narrativa’ (RICOEUR, 1994), permite antever outra projeção a partir da ‘logia’ das ‘epistemes’ que, enquanto histórias do mundo, devem ser sempre pensadas em sua pluralidade.
Há nesta guinada narrativa da epistemologia um sentido situacional, posicionado, que a desloca de seu atributo formalizado (como Teoria do Conhecimento), para um aterramento geográfico e político. Histórias e, por que não, geografias do mundo.
[1] Professora da Educação Básica do Estado de São Paulo, graduada em Comunicação Social pela Universidade Estadual Paulista, Mestra em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas pela Universidade Estadual de Campinas e graduanda em Letras pela Universidade Cruzeiro do Sul. marcelaelisa@prof.educacao.sp.gov.br
[2] Professor da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas. eduardo.marandola@fca.unicamp.br
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Recebido em: 30/03/2022
Aceito em: 30/04/2022
Encontramo-nos no exílio: uma possibilidade para o reencantamento ambiental necessário
RESUMO: É do ponto de partida das epistemologias latino-americanas que começamos nossa investigação sobre quão potente seria a reinvenção de nossas existências, enquanto possibilidade de sobrevivência às catástrofes todas que nos envolvem nestes tempos pós-pandêmicos (mas não só neles). Neste contexto de crises, reinventaríamos a labuta cotidiana? Por reinvenção dizemos reencantamento, daqueles em que se faz necessário um tanto de magia, sim, e um pouco da destreza que emerge nos encontros da vida. Por meio da experiência fenomenológica, entramos em uma virada linguística, na qual percebemos que há uma possibilidade de reencontro dialógico do nós-vocês e que, a partir dele, uma brecha se abre no chão que vivemos, e dela emerge uma maneira de ser no mundo, mais encantada, mais encarnada.
PALAVRAS-CHAVE: Epistemologias. Encanto. Palavras.
We´ll see each other in exile: a possibility for the necessary environmental re-enchantment
ABSTRACT: It is from the starting point of Latin American epistemologies that our investigation into what would be the reinvention of our existences, as a possibility of survival through post-pandemic times (but not only in them). In this context of crises, would we reinvent everyday toil? By reinvention we say re-enchantment, those in which a bit of magic is needed, yes, and a little of the dexterity that emerges in life’s encounters. Through the phenomenological experience, we enter into a change in the words we speak and realize that there is a possibility of a dialogical reunion of the we-you and that, from it, a breach opens up in the ground we live, and from it emerges a way to be in the world, more enchanted, more incarnate.
KEYWORDS: Epistemologies. Enchantment. Words.
PAIVA, Marcela Elisa Beraldo de; MARANDOLA JR., Eduardo. Encontramo-nos no exílio: uma possibilidade para o reencantamento ambiental necessário. ClimaCom – Esse lugar, que não é meu? [Online], Campinas, ano 9, n. 22, mai. 2022. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/encontramo-nos-no-exilio/