Sobre clareiras e capoeiras vagabundas | Lêda Valéria Alves da Silva e Sílvia Nogueira Chaves


Lêda Valéria Alves da Silva[1]

Sílvia Nogueira Chaves[2]

 

Fui educada em um dos melhores assentos da biologia. Meu foco sempre foi a  preservação do ambiente. Manter florestas em pé. As árvores de grande porte; os animais  bonitos e “preserváveis”, porque é óbvio que eu não estudei para lutar pela vida dos matos,  dos mosquitos, nem por ratos e urubus da feira. Mas é triste a conclusão de que a vida se resume à utilidade. A vontade de utilidade escolhe o que vive e o que deixa morrer. Dia desses vi na internet uma pessoa perguntar “qual o objetivo de vida da muriçoca?” O mais  interessante foi uma das respostas: “elas servem de alimento para as lagartixas, que não  servem pra nada”. A inutilidade não é uma virtude…

A inutilidade não é admirável. A experiência-do-nada não é animadora. Mas para pensar melhor sobre isso fui à casa do poeta Manoel de Barros, cuja obra tinha lido há  algum tempo. Ele, talvez, pudesse me ajudar.

[1] Doutora em Educação em Ciências (UFPA) e Professora de Ciências da Rede Municipal de  Educação. E-mail: lemaral22@gmail.com

[2] Doutora em Educação (UNICAMP) e Professora do Instituto de Educação Matemática e Científica  da UFPA. E-mail: schaves@ufpa.br

(Leia o ensaio completo em PDF).

 

Recebido em: 30/03/2022

Aceito em: 30/04/2022

 

 

Sobre clareiras e capoeiras vagabundas

 

RESUMO: Este ensaio busca traçar com Manoel de Barros caminhos para pensar outra(s)  Educação(ões) ambiental(ais). Foi isso que nos pusemos a fazer quando encontramos Manoel “pessoalmente” e com a filosofia de Deleuze. Com os poemas de Manoel fizemos uma composição para que ele falasse do assunto que estávamos tratando, ou seja, usamos as palavras e a boca de Manoel para falar o que queríamos e acreditamos. Na contramão  dos imperativos pensados para o meio ambiente, propomos uma ideia de movimento, uma  experimentação através da escrita poética de Manoel de Barros para pensar uma educação  ambiental menor.

PALAVRAS-CHAVE:  Ambiente. Rizoma. Linhas de fuga.

 


About clearings and tramps poultry 

 

ABSTRACT: This essay seeks to trace with Manoel de Barros ways to think about other  environmental(s) education(s). That’s what we set out to do when we met Manoel  “personally” and with Deleuze’s philosophy. With Manoel’s poems we made a composition  for him to talk about the subject we were dealing with, that is, we used Manoel’s words and  mouth to say what we wanted and believe. Contrary to the imperatives thought for the  environment, we propose an idea of movement, an experimentation through the poetic  writing of Manoel de Barros to think about a smaller environmental education.

KEYWORDS: Environment. Rhizome. Escape lines


SILVA, Lêda Valéria Alves; CHAVES, Silvia Nogueira. Sobre clareiras e capoeiras vagabundas. ClimaCom – Esse lugar, que não é meu? [online], Campinas, ano 9, n. 22., maio. 2022. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/sobre-clareiras/