Como (não) proteger um ser vivo das catástrofes ao redor: uma reflexão artística sobre sistemas de vida | Maria Luiza de Almeida
Maria Luiza de Almeida[1]
Que influência tem os gatos no crescimento dos amores-perfeitos? Nenhuma, aparentemente. Elimine-os todos e provavelmente os amores-perfeitos não mais florescerão. A existência viva, seja ela qual for, demanda, essencialmente, do existir de outro ser vivente. Existir pressupõe estabelecer relações que derivam outras existências. Um fio emaranhado onde se molda uma complexidade viva: não há dentro e não há fora; há apenas relações. Emanuele Coccia, em A vida das plantas: uma metafísica da mistura sintetiza: “[…] toda forma de vida exige que já haja vida no mundo” (COCCIA, 2017, 14). Tudo que vive não passa de um componente de um sistema maior, um sistema vivo e dinâmico. Esse conjunto comumente conhecido como Terra recebe o nome de Gaia, um super sistema vivo.
Gaia e o que emerge do caos
Existir é criar mundo. A respiração cadenciada executada por nossos pulmões, os batimentos ritmados do nosso coração, o fluxo constante de sangue que percorre nossas veias, os choques elétricos causados por cada sinapse de nossos neurônios: todos esses movimentos são big bangs de uma cosmogonia interior. Somos, portanto, elementos cósmicos de uma galáxia intrincada. Cada mundo permeia e é permeado. Cada mundo se transpassa e atravessa outros mundos em uma coreografia cósmica da existência. Desse ponto de vista, cada existência é tão perfeita quanto pode ser: existir é sempre existir de alguma maneira, como coloca David Lapoujade (2018). Existir é delimitar fronteiras cósmicas.
(Leia o ensaio completo em PDF).
Recebido em: 30/03/2022
Aceito em: 30/04/2022
[1] Doutoranda em Poéticas interdisciplinares do PPGAV – UFRJ e bolsista Capes. Email: mluizacanela@gmail.com
Como (não) proteger um ser vivo das catástrofes ao redor: uma reflexão artística sobre sistemas de vida
RESUMO: Este artigo pretende fazer uma reflexão artística sobre os sistemas da vida e seu potencial criativo. Conceitos biológicos como a Teoria de Gaia, de James Lovelock e Lynn Margulis, e a autopoiese de Humberto Maturana e Francisco Varela serão construtos de um diálogo teórico-prático. A teoria dos sistemas não lineares do Instituto Santa Fé também será usada para falar sobre o processo criativo, tanto da arte quanto da vida. O processo criativo e o sobrevivente se movem entre a arte e a ciência.
PALAVRAS-CHAVE: Autopoiese. Teoria de Gaia. Arte e ciência.
How (not) to protect a living being from the disasters around: a artistic reflection about life’s systems
ABSTRACT: This paper intends to make a artistic reflection about life’s systems and their creative potencial. Biological concepts like Gaia’s Theory, by James Lovelock and Lynn Margulis, and autopoiesis by Humberto Maturana and Francisco Varela will be constructs of a theorical-practice dialogue. Theory of non-linear systems of Santa Fe Institute also will be used to talk about creative process, both an art and life. Creative process and survivor moves between the art and science.
KEYWORDS: Autopoiese. Gaia’s theory. Art and science.
ALMEIDA, Maria Luiza de. Como (não) proteger um ser vivo das catástrofes ao redor: uma reflexão artística sobre sistemas de vida. ClimaCom – Esse lugar, que não é meu? [online], Campinas, ano 9, n. 22., maio. 2022. Available from: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/como-nao/