A arte como possibilidade de enfrentamento ao negacionismo científico | Fabíola Fonseca e Claudia Marinho

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Fabíola Fonseca[1]

Claudia Marinho[2]

Ciência, arte e negacionismo

Diante do atual cenário marcado pelo crescente número de apoiadores ao movimento chamado negacionismo científico, que se caracteriza pela negação dos conhecimentos produzido pela ciência, percebemos o tanto que é importante a criação urgente de formas de aproximar a ciência da comunidade não-científica. Isso porque a ciência adentra as tramas sociais e, pelo fato de ter um percurso rigoroso para legitimação do conhecimento, entra nas decisões e nos direcionamentos coletivos.

De acordo com Vilela e Selles (2020), o negacionismo científico se caracteriza por negar conceitos e teorias consensualizadas pela ciência e, embora não seja uma novidade, tem ganhado força com a ascensão do conservadorismo e da ultradireita ao poder. “Tal fenômeno emerge recrudescido com o advento da internet e das redes sociais que agregam e fortalecem grupos identitários e o consumo acrítico da desinformação” (VILELA; SELLES, p. 1725). O que tem acontecido no Brasil é que a defesa da ciência tem encontrado como adversários principais a própria política de governo que se complementa com a disseminação em massa de notícias falsas (fake news) por meio da internet.

Isso também pôde ser visto de forma clara com a pandemia da covid-19 em que a vacinação tem se mostrado como a principal forma de enfrentamento e, ainda assim, há quem se negue a tomar. Nos últimos meses, notou-se o aumento das taxas de contaminação do vírus principalmente em indivíduos não-vacinados, o que coloca em risco mesmo os vacinados já que vírus possuem altas taxas de mutabilidade. Outros exemplos disso: o movimento terraplanista que ignora os eixos da Terra já validados por experimentações científicas e/ou por imagens de satélite e afirmam que a Terra seja plana; a tentativa de ignorar as imagens de satélite das queimadas na região da floresta Amazônica para mensurar a perda de vegetação; o desprezo pelas coleções científicas e acervos que foram perdidas no incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Como combater as queimadas na Amazônia se as imagens de satélites produzidas pela ciência não são levadas em conta? Como destinar verbas para a recuperação, e sobretudo a manutenção de museus, se não se valoriza um museu como lugar de pesquisa e conservação?

 

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Recebido em: 20/11/2021

Aceito em: 10/12/2021

 

[1] Pós-doutoranda no Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará. Email: fabiologa@gmail.com

[2] Professora na Universidade Federal do Ceará. Email: claudiamarinho@gmail.com