Por | Gláucia Pérez
Editora | Susana Oliveira Dias
No dia 09 de agosto de 2021 foi apresentado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima – IPCC o sexto relatório de análise (AR6) sobre as mudanças climáticas globais. Nesse relatório foi ratificado que é “inequívoca” a influência humana nas mudanças climáticas, e nos extremos climáticos devido ao aquecimento global.
O 3º webinar do ciclo de popularização científica: “Uma gota de ciência, uma dose de resiliência – Clima, saúde e resiliência”, realizado no dia 25-08-2021, trouxe informações deste relatório para o debate em que três pesquisadoras falaram sobre as mudanças climáticas, saúde e resiliência. O debate fez parte de uma série de webinários realizados para disseminar as pesquisas de cientistas, e melhorar a comunicação entre eles e a sociedade. Participaram do debate as pesquisadoras: Dra Regina Alvalá do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden, e membro do INCT de mudanças climáticas fase 2 do subcomponente de “Desastres Naturais, áreas urbanas, infraestrutura física e desenvolvimento urbano”; Profa Adelaide Nardocci, da Faculdade de Saúde Pública da USP, e Dra Elizabeth Rangel da Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz, e membro do INCT de mudanças climáticas fase 2 no subcomponente de “Saúde”.
Em um artigo publicado na Agência Fiocruz de notícias: “Urgência de ações concretas frente à crise climática global”, foi mencionado o relatório “O argumento da Saúde para a ação climática” lançado pela ONU para consulta pública que esteve disponível até 25 de agosto de 2021 sobre o clima e a saúde. Esse relatório faz parte da COP26 (26a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU) que ocorrerá em Glasgow entre os dias 1º e 12 de novembro desse ano, onde 197 países discutirão sobre as mudanças climáticas e o que fazer para combater. As alterações climáticas afetam diretamente o ser humano e tem uma implicação direta na saúde, por isso a importância de se falar e tratar do tema das mudanças climáticas e saúde humana.
No webinário as pesquisadoras reforçaram que os incêndios que ocorreram no país afetam a qualidade do ar e consequentemente a saúde das pessoas, aumentando os casos de doenças respiratórias, cardiovasculares, alergias, e até mesmo o câncer de pulmão. Consideraram que a saúde humana tem sido afetada pelo aumento das doenças transmitidas pelos insetos (as doenças vetoriais), e que isso está associado diretamente com a destruição das florestas tropicais naturais, o aquecimento global e o desmatamento. E ainda que doenças como: malária, dengue e covid-19, entre outras, estão interligadas ao modo como nos relacionamos e degradamos o meio ambiente.
Levantaram também sobre os movimentos migratórios devido ao agravamento da qualidade da água e alimentação. E a importância de cuidarmos dos nossos hospitais e centros de saúde, porque cada vez mais precisaremos deles. Outro fator importante considerado no webinar foi que a tecnologia pode ser uma aliada para a resiliência do clima e saúde. E como exemplo foi destacada a parceria que o Cemaden e a cidade de São José dos Campos fizeram para mapear a probabilidade de casos de COVID-19 na cidade, a partir de dados levantados e informados pela Secretaria de Saúde do Município e o monitoramento por satélite.
Todas as pesquisadoras ressaltaram a necessidade de que os estudos realizados nas instituições e centros de pesquisas precisam chegar até a sociedade para combater o negacionismo e informações falsas. Para os pesquisadores que participaram do webinar é urgente e necessário criar uma ponte para conectar os cientistas e a sociedade com informações de qualidade e baseadas em evidencias científicas.
Exemplos dessa “ponte” são as reuniões mensais dos pesquisadores do Cemaden para divulgar as ocorrências no mês em relação as inundações, deslizamentos e secas. O público pode assistir e interagir fazendo perguntas e/ou tirando dúvidas. Há, também do Cemaden, a 6ª campanha Aprender para prevenir com o tema “Desastres, aqui? Como prevenir? ”, que participam escolas, universidades, defesas civis, coletivos. Que também tem o contexto de divulgar e popularizar a ciência. Ambas as informações são da professora Regina Alvalá do Cemaden.
O Prof. Eduardo Mário Mendiondo defendeu uma ciência aberta: “Aquela que humaniza nosso dia a dia, e aquela que nos imuniza contra os vírus das fake News, das notícias falsas”. Mendiondo é pesquisador do INCT mudanças climáticas fase 2, do subcomponente “Segurança hídrica”, professor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), e atual coordenador científico do Centro de Estudos e Pesquisas em Desastres (CEPED-USP), que foi o mediador e idealizador desse webinário voltado à divulgação da ciência.
Novas palestras do CEPED/USP do Ciclo “Uma Gota de Ciência, Uma Dose de Resiliência” são organizadas pelo INCTMC2 com poio da FAPESP, integrados com outros projetos interdisciplinares vigentes, dentre eles: Belmont Forum’s Theory of Change Observatory on Disaster Resilience, Center of Applied Maths for Industry – CEPID, e Center of Engineering Research on Artificial Intelligence – C4AI. (Link com a notícia completa em pdf)
Bibliografias consultadas:
Jornal USP – Links das notícias: https://jornal.usp.br/ciencias/a-ciencia-contra-o-negacionismo/; https://jornal.usp.br/ciencias/ipcc-se-nada-for-feito-colapso-climatico-e-iminente/
45ª edição dos Webinários da Academia Brasileira de Ciências (ABC) – “Comunicação científica: Como falar mais alto do que a desinfor mação” – Link: http://www.abc.org.br/wp-content/uploads/2021/09/webin%C3%A1rio45.png
Revista online a publica – Link da notícia: https://apublica.org/2021/08/relatorio-do-ipcc-comprova-o-aquecimento-global-ja-esta-aqui/
Agência Fiocruz de Notícias – Link da notícia: https://agencia.fiocruz.br/urgencia-de-acoes-concretas-frente-crise-climatica-global
Gláucia Pérez é bolsista TT Fapesp no projeto INCT-Mudanças Climáticas Fase 2 financiado pelo CNPq pro- jeto 465501/2014-1, FAPESP projeto 2014/50848-9 e CAPES projeto 16/2014, sob orientação de Susana Dias e Antonio Carlos Amorim.
Coletivo e grupo de Pesquisa | multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações (CNPq)
Projetos | Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC) – (Chamada MCTI/CNPq/Capes/FAPs nº 16/2014/Processo Fapesp: 2014/50848-9); Revista ClimaCom: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/ e Revista ClimaCom.