Por | Gláucia Pérez
Editora | Susana Oliveira Dias
O sexto relatório de análise (AR6), lançado no dia 09 de agosto de 2021 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança no Clima (IPCC), considera que a queima de combustível fóssil é uma das principais causas de emissão de gás carbônico (CO2) na atmosfera no último século. De acordo com o professor de filosofia da ciência da USP, Pablo Rubén Mariconda, “a negação de que os combustíveis fósseis representariam um aporte significativo nas mudanças climáticas, serve para negar também que estamos em uma nova era geológica como a do Antropoceno”. A fala de Mariconda ocorreu no evento online “Quais os interesses do negacionismo climático? ”, realizado dia 06 de setembro. A professora de filosofia da PUC-RJ, Alyne Costa, que também participou do evento, ressaltou que entre os cientistas “não há controvérsia alguma, há um consenso da ciência a respeito do caráter antropogênico das mudanças climáticas”.
Nesse evento o documentário de 2020 foi o ponto de partida para o diálogo sobre o negacionismo climático. O documentário dinamarquês intitulado “A campanha contra o clima” fala das indústrias petrolíferas e a queima dos combustíveis fósseis. No filme mostra que para que as atividades dessas indústrias permaneçam sem serem afetadas é necessário produzir o negacionismo climático, e uma das maneiras de se fazer isso é discutindo sobre a veracidade das mudanças climáticas, mesmo que existam dados científicos afirmando que é “inequívoca” a influência humana no clima e extremos climáticos. Essa discussão é mantida porque, uma vez que é contestado o que os cientistas do clima estão afirmando, não é feito acordos ou leis reduzindo ou até mesmo para parar o uso de combustíveis fósseis.
No decorrer do evento foi levantado também a questão da eficácia e legitimidade, que de acordo com o Prof. Pablo, é o interesse no que está sendo produzido que politicamente se avalia a legitimidade de algo ou do que é produzido, mesmo que não seja benéfico para a sociedade. E de que os meios de comunicação controlam a opinião pública, e muitas vezes, a favor da desinformação. Segundo a Prof. Alyne seria importante a ciência reconquistar a confiança da sociedade, procurar compreender a falta de confiança das pessoas na ciência, e não apenas melhorar a comunicação. Ela ressaltou também que é importante se atentar que há tempos a ciência desqualifica o que não é científico e agora os negacionistas agem da mesma forma contra a própria ciência dizendo que os cientistas têm outros interesses, muitas vezes ideológicos, ao afirmarem sobre as mudanças climáticas e aquecimento global.
Os professores complementaram dizendo que para que haja uma verdadeira redução no avanço do aquecimento global e extremos climáticos são necessários organismos internacionais com legislações globais, e que todos os países, sem exceção, cumpram as leis e normas estabelecidas para combater as mudanças climáticas que são inevitáveis.
Já está ocorrendo uma transformação drástica no planeta, a Terra irá se regenerar sem ou com os humanos, mas cabe a humanidade decidir se quer permanecer no planeta Terra ou ser extinta. As mudanças climáticas, o aquecimento global e os extremos climáticos têm nos desafiado a pensar outras formas de ser e estar na Terra. (Link com a notícia completa em pdf)
Gláucia Pérez é bolsista TT Fapesp no projeto INCT-Mudanças Climáticas Fase 2 financiado pelo CNPq pro- jeto 465501/2014-1, FAPESP projeto 2014/50848-9 e CAPES projeto 16/2014, sob orientação de Susana Dias e Antonio Carlos Amorim.
Coletivo e grupo de Pesquisa | multiTÃO: prolifer-artes sub-vertendo ciências, educações e comunicações (CNPq)
Projetos | Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC) – (Chamada MCTI/CNPq/Capes/FAPs nº 16/2014/Processo Fapesp: 2014/50848-9); Revista ClimaCom: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/ e Revista ClimaCom.